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quinta-feira, fevereiro 08, 2007

O maradona, aliás, o Baruch, publicou este magnífico texto no blogue Sim no Referendo:

Resposta ao Eduardo e despedida

Gostei deste post - como no geral tenho gostado de como o Eduardo defende o Não. Como dizia o Ricardo Araújo Pereira sobre o João Pereira Coutinho, apetece-me dar-lhe repetidamente com uma barra de ferro na cabeça, mas tenho gostado.

Não sou capaz de responder a todos os pormenores, como acho que deve ser o esforço de quem se predispõe a responder a outro. Primeiro porque a repetição dos argumentos já começa a ultrapassar o limite do aceitavel até para quem, como eu, se diverte com isto, e segundo porque, naturalmente, existem argumentos que não domino o suficiente até para os meus baixos padrões de responsabilidade e exigência. Considero, então, ser esta a altura ideal para terminar a minha orgulhosa (um muito obrigado ao Daniel Oliveira) participação neste espaço (vou dar uma curva) com uma mini-declaração, elaborada em jeito de comentário a uma frase (necessariamente retirada do contexto) deste último post do eduardo:

"2.º - o aborto, seja em casa, no vão da escada, no Estádio da Luz ou nos estabelecimentos hospitalares devidamente equipados e autorizados do Baruch, implica sempre a destruição de uma outra vida."

Eduardo:

Há pessoas que não consideram o aborto (dentro dos limites temporais correntes, 10, 12 semanas) a destruição de uma "outra vida", Eduardo. Há muitas pessoas que não consideram o aborto a destruição de uma vida humana, Eduardo. Muitas, muitas pessoas existem que não consideram estar ali ainda.... "outra" pessoa. Tantas (afinal, uma Europa inteira de, para o Eduardo, assassinos - que outro nome para quem destrói conscientemente "outra vida" humana?) que não é possivel aplicar a actual lei, e muito menos aplicá-la igualitariamente, com justiça.

Eu, apesar de possuir um conjunto de opiniões extremamente acertadas sobre toda e qualquer perturbação do universo, não tenho opinião sobre este assunto em concreto; o Eduardo, com certeza baseado nos seus vastos (mas, até agora, ainda inefáveis) conhecimentos filosóficos, embriológicos, antropológicos e etc, acha que sim, que desde o momento da fecundação que estamos ali perante uma pessoa, "outra vida".

Pronto, é uma opinião, mas uma opinião menos respeitável, porque incomunicável a pelo menos 50 por cento (a ver pelo sitemeter) dos seus colegas de sociedade, menos respeitável porque, no fundo, não passa da tentativa de obrigar outros a aceitar e a vergar-se perante uma fé do Eduardo, e não num raciocinio lógico minimamente partilhado com o resto da turma, uma opinião não suficientemente generalizada nem entre os vários especialistas na matéria.

Novamente, contando que a maior parte não seja um assassino, entre os especialistas da filosofia, da embriologia, da antropologia e etc, acorre um conjunto de opiniões demasiado diversificadas e fortes para se conseguir chegar a um mínimo de acordo, ou seja, não ocorre entre a comunidade científica e de especialistas um consenso razoavelmente suficiente em que se considere que o feto até às dez semanas (sei lá) seja já "outra vida" que ali esteja, pelo menos igual a mim ou ao Eduardo, e que, portanto, destrui-lo seja o equivalente a matar um ser humano.

É simplesmente, Eduardo, simplesmente impossivel, vê lá se metes isto na cabeça, é simples e estatisticamente impossivel que existam tantas pessoas capazes de destruir "outra vida" humana com a consciência de tal. É impossivel existirem tantos assassinos assim. Não pode, não pode. Mesmo escondido no asseio médico e científico (que reconheço ser um perigo), não pode, Eduardo, simplesmente não é plausivel. Por melhor e maior defensor da vida humana que o Eduardo seja relativamente a uma porção tão significativa do resto dos cidadãos da sua Europa, não há maneira de o Eduardo ter tanta certeza na sua convicção.

Há que saber construir um mínimo de humildade dentro de nós. Penso que, na sua fé, é isso que falta às pessoas decentes do Não, como, parece-me que isto sempre foi óbvio, é o que considero ser o Eduardo.

O feto é uma vida que ali está? Pois o Eduardo acha que sim, tem certeza quanto a isso, parece-lhe que abortar até às dez semanas é matar "outra vida", outra pessoa. Pedia ao Eduardo que lutasse pelo fim dessa barbárie de outra forma, de preferência de uma forma que evite sujeitar quem não tem a sua opinião a uma violência que, às vezes, também mata e, ainda mais vezes, impede que no futuro se crie mais vidas.

PS: Não sou nenhuma "terceira via" do Sim. Vamos todos, eu e a Lidia Jorge, colocar a cruz no mesmo quadrado. Cada um que carregue a sua cruz.

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