quarta-feira, março 28, 2007
A notícia da conferência de imprensa no Diário de Aveiro:
Estarreja: PS defende inspecção à construção do eco-parque |
O PS vai solicitar que a Inspecção Geral da Administração do Território averigúe as obras de construção do eco-parque empresarial do concelho devido a uma «derrapagem financeira» |
A Comissão Política Concelhia de Estarreja do PS vai solicitar que a Inspecção Geral da Administração do Território averigúe as obras de construção do eco-parque empresarial do concelho devido à «derrapagem financeira» identificada no projecto pelos socialistas. «Na melhor das hipóteses, se não houver mais prorrogações de prazo, há um acréscimo de custos de 2,8 milhões de euros, o que representa mais 33 por cento do que o inicialmente previsto», avalia Marisa Macedo, líder concelhia do partido de oposição. A gestão que a actual maioria camarária tem feito no eco-parque merece duras críticas por parte dos socialistas, que reclamam a paternidade do projecto. O complexo foi «uma grande aposta do PS nos mandatos em que presidiu os destinos da autarquia», entre 1993 e 2001, referiu Marisa Macedo. «Antes do PS, o executivo liderado por Maria de Lurdes Breu entendia que o futuro da autarquia passava pela agricultura e que nos bastava o Parque Industrial propriedade da Quimiparque», acrescentou. Quando chegou à Câmara, o partido «sonhou e projectou» o eco-parque, concebido para ser «um dos mais avançados» na Europa. «A construção do parque, bem como a arquitectura das indústrias a instalar, seria feita de acordo com todas as regras ambientais, com edifícios que utilizassem energias alternativas, inseridos em grandes espaços verdes, sendo obrigatório a reutilização de resíduos de umas empresas por outras, num projecto completamente integrado e inovador, onde contávamos com a colaboração da Universidade de Aveiro», lembrou a presidente da concelhia «rosa», sustentando que o equipamento serviria para alojar «indústria de tecnologias de ponta». Era um parque desta natureza que «interessava ao IKEA», a multinacional sueca de mobiliário que ponderou instalar uma fábrica em Estarreja. Marisa Macedo recorda ainda que o PS «deixou 82 hectares de terrenos dados pelo Governo de Cavaco Silva», além de ter adquirido «inúmeras parcelas». A autarquia socialista legou ainda uma «garantia de investimento estatal através do então ministro João Cravinho», disse a dirigente socialista, lembrando que o PS estimava ter «todas as fases do parque» concluídas em Agosto de 2003. Cinco anos depois de tomar posse, a actual maioria camarária – composta pela coligação PSD/CDS-PP – apenas agora celebrou a primeira escritura pública de compra e venda de terrenos «a uma empresa que já estava lá instalada e a funcionar», e a quem recentemente instaurou um processo de contra-ordenação por estar a laborar «ilegalmente». As 13 empresas entretanto anunciadas pela Câmara para o eco-parque não pertencem à «indústria de tecnologia de ponta e de conhecimento», denunciam ainda os socialistas, que concluem: «O parque de Estarreja tornou-se igual a todos os outros parques existentes no país. Para além das acessibilidades, não tem nada que o torne diferente e mais apetecível». Motivo de preocupação do PS/Estarreja são também as alegadas extracções ilegais de inertes no eco-parque, pelo que foi solicitada a intervenção da Procuradoria-Geral da República, mesmo depois de o Ministério Público do Tribunal de Estarreja ter já arquivado um processo por haver indícios insuficientes sobre os possíveis autores do ilícito. Do complexo industrial terão sido extraídas ilegalmente areias avaliadas em 1,6 milhões de euros, calcula Marisa Macedo. Em Agosto do ano passado foram feitas denúncias anónimas relacionadas com a extracção de inertes e com eventuais irregularidades no licenciamento de edifícios construídos em parcelas que não estariam na posse do município. Câmara anuncia financiamento de dois milhões Abílio Silveira, vice-presidente da Câmara de Estarreja, revelou ontem ao Diário de Aveiro que o Ministério da Economia e da Inovação, tutelado por Manuel Pinho, vai financiar as obras do eco-parque empresarial do concelho em dois milhões de euros. O ofício que informa a autarquia estarrejense da atribuição deste financiamento estatal foi enviado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro no passado dia 23. O documento, revelado ao Diário de Aveiro pelo vice-presidente do município, refere que, caso haja disponibilidade orçamental do Governo, o apoio da administração central à construção do eco-parque pode chegar aos 50 por cento do montante elegível, fixado nos 7,2 milhões de euros. Trata-se, segundo Abílio Silveira, de uma «excelente notícia» para o município. «Sem este apoio, o crescimento do parque poderia estar em causa», advertiu, sublinhando que a atribuição desta verba significa o reconhecimento da tutela da importância do projecto. Ao Diário de Aveiro, o autarca censurou ainda o «discurso demagogo e sem sustentabilidade» do PS (ver outro texto), a quem acusa de procurar «bloquear o desenvolvimento» do concelho. O autarca nega derrapagens nos custos do empreendimento. Os números avançados pelos socialistas apenas representam «possíveis encargos», dado que a Câmara procura «antecipar o que pode vir a acontecer» com a obra. Abílio Silveira disse ainda desconhecer a existência de 82 hectares de terrenos que o PS garante ter deixado como herança. «Que nos digam onde estão», desafiou o edil, acusando também os antigos executivos do PS de terem adjudicados as infra-estruturas do eco-parque «sem terrenos» garantidos, obrigando a actual maioria a «adiar as obras». Nota1 - É preocupante o espírito revisionista do PSD de Estarreja. Quando a história nos desfavorece, há que reescrevê-la. Foi o governo de Cavaco Silva, na altura representado pelo então Ministro Mira Amaral quem ofereceu os ditos terrenos ao município. Para o efeito chegou mesmo a ser celebrada uma cerimónia pública (na qual até estiveram presentes vários elementos do PSD de Estarreja!), que teve ampla cobertura na imprensa. É lamentável que se faça política assim, sem contra-argumentar, negando a evidência, como se uma mentira muitas vezes repetida acabasse por se transformar em verdade. Se Abílio Silveira acusa Mira Amaral e Cavaco Silva de mentirem, deve assumi-lo claramente e deixar-se de brincadeiras nos media. Nota2 - Dois milhões de euros é melhor que nada. No entanto, é muitíssimo menos do que o que o PS havia conseguido e este valor não chega sequer para pagar os custos da derrapagem orçamental de José Eduardo de Matos, para já não falarmos da perda do IKEA e dos 700 empregos que foram parar a Paços de Ferreira. É ultrajante a forma como o actual poder local de Estarreja tem tratado a questão do Eco-Parque. Nota3 - Uma Câmara Municipal séria teria promovido a abertura de um inquérito municipal ao caso das areias: há filmes de camiões com matrículas falsas a transportarem enormes quantidades de areias a partir dos terrenos do futuro Eco-Parque. Desapareceram toneladas de areias e ninguém sabe para onde. José Eduardo de Matos continua a assobiar para o ar perante esta questão e começa a ser verdadeiramente insustentável a posição da Câmara de Estarreja neste caso. Quem terá ficado com o dinheiro da venda das areias? Porque é que a Câmara Municipal de Estarreja se recusa a actuar neste caso? |
Etiquetas: Política Estarrejense
Comments:
Muito bem estruturado este seu comentário, penso que é por esta via que se deve fazer oposição, defendendo as ideias próprias.
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