sábado, março 17, 2007
Soube deste artigo do Diário Económico (que reproduzo parcialmente) pelo Boticário:
Mário Baptista
“É um admirável mundo novo”, disse o primeiro-ministro, ontem, enquanto visitava as instalações do Laboratório de Estudos Farmacêuticos.
A surpresa de José Sócrates explicava-se pela alta tecnologia envolvida no projecto no qual a ANF investiu dez milhões de euros, mas a admiração depressa passou a rasgados elogios à Associação Nacional das Farmácias (ANF), ao seu presidente, João Cordeiro, e ao sector farmacêutico, no geral. Pelo caminho, o ministro da Saúde, Correia de Campos, acabou por ver a sua política relativamente à ANF fragilizada.
Depois de ouvir o presidente da ANF assumir que “há divergências de opinião [entre o Governo e a ANF], mas respeito institucional” e salientar o “apreço pessoal e político” pelo primeiro-ministro, José Sócrates deixou o ministro da Saúde isolado na crítica ao “excessivo poder da ANF”, ao fazer rasgados elogios à capacidade empreendedora, ao espírito de iniciativa e ao gosto pelo risco evidenciado pelo sector farmacêutico.
Ministro e Cordeiro trocam picardias
Antes do discurso do primeiro-ministro, que encerrou a inauguração do LEF, já João Cordeiro e Correia de Campos tinham trocado (mais uma vez) pequenas picardias. O presidente da ANF disse que mantém “disponibilidade para o diálogo e para a cooperação com o Governo, mesmo quando as circunstâncias desse diálogo e dessa cooperação são muito difíceis”. Os farmacêuticos, rematou, “gostam de trabalhar com políticos determinados que respeitem as organizações da sociedade civil”.
A resposta veio minutos depois, pelo ministro da Saúde: “Mesmo nos momentos de diálogo difícil, as circunstâncias não são impossíveis, são apenas um desafio que encaramos pela positiva”. Estava dada a resposta, complementada depois pelo primeiro-ministro.
Com todas as letras, José Sócrates enalteceu o “gosto pelo risco, o espírito empreendedor e de iniciativa” das farmácias, e garantiu: “Não me cansarei de mostrar os bons exemplos que nascem em Portugal quando se coloca a ciência perto do mercado”. Este é, concluiu, “o segredo da inovação”, uma das componentes do Plano Tecnológico, a bandeira eleitoral do PS nas eleições de 2005.
As declarações abonatórias do primeiro-ministro evidenciam bem a viragem no discurso político do Governo face à ANF, desde a assinatura do Compromisso para a Saúde, em 2006. “Houve uma nova forma de relacionamento com a ANF desde essa altura”, assume o Ministério da Saúde, que garante que o ministro não se sentiu atingido ou desautorizado com os elogios de Sócrates àquele que o Ministério tinha eleito como ‘inimigo público número um’ desde a tomada de posse.
O primeiro-ministro, aliás, conduziu pessoalmente as negociações que levaram à assinatura do acordo com a ANF que introduz novas regras na propriedade das farmácias e no relacionamento financeiro do Estado com a ANF.
Como se pode perceber, chegou ao fim a era de Correia de Campos, pela segunda vez desautorizado publicamente pelo Primeiro-Ministro (a primeira vez havia sido quando Sócrates o obrigou a negociar a manutenção de algumas "urgências" com os autarcas).
Tudo novamente calmo e sereno no mundo da Farmácia, ou a forma mais ruidosa de não fazer barulho nenhum, por António Correia de Campos.
Elogio de Sócrates às farmácias fragiliza Correia de Campos
O primeiro-ministro teceu rasgados elogios a João Cordeiro e às farmácias, ignorando as críticas do ministro da Saúde à ANF.Mário Baptista
“É um admirável mundo novo”, disse o primeiro-ministro, ontem, enquanto visitava as instalações do Laboratório de Estudos Farmacêuticos.
A surpresa de José Sócrates explicava-se pela alta tecnologia envolvida no projecto no qual a ANF investiu dez milhões de euros, mas a admiração depressa passou a rasgados elogios à Associação Nacional das Farmácias (ANF), ao seu presidente, João Cordeiro, e ao sector farmacêutico, no geral. Pelo caminho, o ministro da Saúde, Correia de Campos, acabou por ver a sua política relativamente à ANF fragilizada.
Depois de ouvir o presidente da ANF assumir que “há divergências de opinião [entre o Governo e a ANF], mas respeito institucional” e salientar o “apreço pessoal e político” pelo primeiro-ministro, José Sócrates deixou o ministro da Saúde isolado na crítica ao “excessivo poder da ANF”, ao fazer rasgados elogios à capacidade empreendedora, ao espírito de iniciativa e ao gosto pelo risco evidenciado pelo sector farmacêutico.
Ministro e Cordeiro trocam picardias
Antes do discurso do primeiro-ministro, que encerrou a inauguração do LEF, já João Cordeiro e Correia de Campos tinham trocado (mais uma vez) pequenas picardias. O presidente da ANF disse que mantém “disponibilidade para o diálogo e para a cooperação com o Governo, mesmo quando as circunstâncias desse diálogo e dessa cooperação são muito difíceis”. Os farmacêuticos, rematou, “gostam de trabalhar com políticos determinados que respeitem as organizações da sociedade civil”.
A resposta veio minutos depois, pelo ministro da Saúde: “Mesmo nos momentos de diálogo difícil, as circunstâncias não são impossíveis, são apenas um desafio que encaramos pela positiva”. Estava dada a resposta, complementada depois pelo primeiro-ministro.
Com todas as letras, José Sócrates enalteceu o “gosto pelo risco, o espírito empreendedor e de iniciativa” das farmácias, e garantiu: “Não me cansarei de mostrar os bons exemplos que nascem em Portugal quando se coloca a ciência perto do mercado”. Este é, concluiu, “o segredo da inovação”, uma das componentes do Plano Tecnológico, a bandeira eleitoral do PS nas eleições de 2005.
As declarações abonatórias do primeiro-ministro evidenciam bem a viragem no discurso político do Governo face à ANF, desde a assinatura do Compromisso para a Saúde, em 2006. “Houve uma nova forma de relacionamento com a ANF desde essa altura”, assume o Ministério da Saúde, que garante que o ministro não se sentiu atingido ou desautorizado com os elogios de Sócrates àquele que o Ministério tinha eleito como ‘inimigo público número um’ desde a tomada de posse.
O primeiro-ministro, aliás, conduziu pessoalmente as negociações que levaram à assinatura do acordo com a ANF que introduz novas regras na propriedade das farmácias e no relacionamento financeiro do Estado com a ANF.
Como se pode perceber, chegou ao fim a era de Correia de Campos, pela segunda vez desautorizado publicamente pelo Primeiro-Ministro (a primeira vez havia sido quando Sócrates o obrigou a negociar a manutenção de algumas "urgências" com os autarcas).
Tudo novamente calmo e sereno no mundo da Farmácia, ou a forma mais ruidosa de não fazer barulho nenhum, por António Correia de Campos.
Etiquetas: Política de Saúde, Política Nacional
Comments:
Enviar um comentário