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quinta-feira, maio 31, 2007

Excelente iniciativa do PS de Estarreja, a mostrar como se deve fazer oposição e a propor uma alternativa construtiva e muito bem pensada para o problema do Hospital Visconde de Salreu. Os meus sinceros parabéns aos autores da melhor ideia dos últimos anos na área da Política de Saúde do concelho de Estarreja. Aqui fica o texto integral do comunicado:

Como todos se recordam, o PS Estarreja foi quem primeiro se manifestou publicamente a favor da manutenção do serviço de urgência do Hospital do Visconde de Salreu.

Como se sabe, o Sr. Ministro da Saúde afirmou que iria negociar, não com as administrações hospitalares, mas com os Presidentes das Câmaras Municipais, o que tem feito.

Como se sabe, para negociar é necessário que ambas as partes estejam interessadas nisso, que ambas as partes esgrimam argumentos, que ambas apresentem propostas e contra-propostas, para depois de haver cedências de ambas, se chegue à melhor solução para todos, de entre as soluções possíveis.

Não vemos qualquer proposta de solução apresentada pelo Sr. Presidente da Câmara de Estarreja.

Não o vemos com qualquer intenção de negociar o que quer que seja.

Sabemos que participa nas reuniões oficiais fazendo piadas sobre os assuntos abordados, sem apresentar propostas de resolução do problema que temos. O IKEA já foi embora assim. As urgências estão a ir embora assim.

O Sr. Presidente tem jeito para participar em manifestações de vela na mão. Mas também o vimos a manifestar-se contra a IC1 a nascente e aí está ela a ser construída a nascente, porque nem ele, nem o governo do PSD/CDS conseguiram resolver o problema, apesar de terem tido tempo para o fazer.

Há que ter a noção da realidade. E a realidade é que temos um Governo que pretende fechar o serviço de urgência do HVS, por ser necessário racionalizar recursos e desenhar uma rede de prestação de cuidados de urgência, de âmbito nacional.

Como o Governo tem muito mais peso do que a Câmara de Estarreja, somos a favor da negociação.

Nunca poderemos ceder ao encerramento do serviço de urgências.

Mas podemos admitir o seu fecho entre a meia noite e as oito da manhã, desde que haja contrapartidas.

Porquê ceder durante a noite? Porque a realidade mostra-nos - e a estatística confirma - que entre a meia-noite e as oito da manhã são atendidas duas ou três pessoas por noite, que mais precisam de uma consulta, do que de um verdadeiro atendimento de serviço de urgência. Passam-se noites e noites seguidas sem que apareça uma verdadeira urgência. Por isso, podemos ceder até aqui, desde que, das oito da manhã à meia noite, tenhamos um verdadeiro serviço de urgência, com dois médicos, dois enfermeiros e possibilidades de realizar exames auxiliares de diagnóstico em permanência. Ao mesmo tempo devemos lutar pela instalação de serviços de telemedicina, o que evitaria muitas transferências para outros hospitais, nomeadamente para o de Aveiro.

Depois, deveríamos exigir como contrapartida(ajudando também), que o Hospital do Visconde de Salreu fosse transformado numa referência a nível regional, por exemplo, da cirurgia laparoscópica. Investir nesta técnica parece-nos uma boa solução, porque já temos médicos excelentes nesta área no n/ hospital, porque temos um bom bloco operatório e porque temos disponibilidade de camas. Ou seja, temos a base para convencer o Ministério da Saúde.

A par deste serviço, devemos investir nas Consultas Externas, como a ginecologia, a pediatria, a fisioterapia e outras cuja procura justifique a sua existência. E apostar no reforço das especialidades que já temos, como a cirurgia e a ortopedia.

Apostar nas Consultas de Alta Resolução, onde as pessoas, numa manhã só, vêm à primeira consulta, fazem os exames necessários de seguida e são atendidos novamente pelo médico, já com o resultado dos exames, de forma a já deixarem o hospital com a cirurgia marcada, caso seja esse o caso.

Se nós fossemos Presidente da Câmara de Estarreja aceitaríamos negociar nestes termos.

Ficávamos com um serviço de urgência entre as 8 e as 24 horas incomparavelmente melhor do que temos neste momento. Garantíamos o futuro do Hospital, não só através das urgências, como com o reforço das consultas externas e ajudaríamos a transformar o hospital numa referência regional, ao nível dos hospitais pequenos, por exemplo, na área da Cirurgia Laparoscópica.

Lembramos que, neste momento, temos dois médicos e dois enfermeiros apenas até às 20.00 horas; o laboratório encerra às 17 horas e não há telemedicina, por exemplo. Todos os casos urgentes que ocorrem actualmente e que necessitem de análises laboratoriais depois das 17 horas são transferidos para Aveiro. Quem necessita de um raio-x depois das 24 horas, também é transferido para Aveiro. Os serviços de telemedicina também evitariam muitas das transferências que hoje são feitas.

Se a opção é entre negociar ou correr o risco de encerrar o serviço, somos claramente a favor da negociação, porque podemos ficar em melhor posição.

Esta seria a nossa proposta actual. Mas as negociações, por definição, evoluem. Lá estaríamos para ouvir e continuar a propor o melhor para Estarreja.

O que parece evidente é que para um Governo duro e determinado é preciso gente que saiba o que se pode defender, como se pode defender e o que não é defensável. Mas é preciso gente que tenha ideias, que saiba o que quer e que lute. Ora não nos parece que isso se consiga entre piadas e manifestações de velas.

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