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quarta-feira, junho 27, 2007

As lamas na lama

Confesso que estou absolutamente espantado.
Numa comunicação datada de 22 de Maio de 2007 (que reproduzi aqui, a partir do Notícias da Aldeia), alguém da CCRC dizia que, 8 meses depois de terem sido recolhidas as amostras das lamas de Canelas, não tinha ainda sido possível divulgar os resultados relativos às análises que deveriam ter sido efectuadas "por motivos que se prendem com problemas técnicos no equipamento científico utilizado na determinação de pesticidas".
Esta resposta era, obviamente, muito estranha, por várias razões: se problema era com a determinação de pesticidas (que, como sabemos, seriam o menor dos problemas...), porque não divulgar as análises relativas às bactérias, vírus e parasitas, que por razões técnicas naquela altura já teriam que estar concluídas há pelo menos 7 meses e meio? Não houve qualquer explicação. A Câmara de Estarreja, mais uma vez, disse que não era nada consigo. O José Matos defendeu publicamente essa posição.
Agora, aparentemente, o José Matos já conhece os resultados das análises e diz, sem conter a euforia (como se isto fosse alguma espécie de vitória política...), que afinal "as lamas tinham sido efectivamente tratadas antes da deposição em Canelas e que do ponto de vista orgânico não eram perigosas". Novamente, nem uma palavra sobre bactérias, vírus ou parasitas.
O Abel Cunha percebeu o oportunismo político e respondeu à letra, aqui e aqui (chamo no entanto a atenção para a injustiça da omissão do papel da oposição camarária - nomeadamente o PS, através de Marisa Macedo, que levou o assunto à Assembleia Municipal -, sem o qual José Eduardo de Matos ainda teria fugido mais depressa com o rabo à seringa... assim pelo menos foi escrevendo meia dúzia de cartas).
De facto, o assunto causa perplexidade.
Eu cheirei as lamas de Canelas. Eu vi as montanhas de bosta, com milhões de moscas e um odor insuportável, que se sentia quase a 1 km de distância. Obviamente que a presença de pesticidas ou outros agentes químicos era algo que importava pesquisar e não deveria ser descurado. No entanto, o principal problema não era esse, mas sim a mais que provável presença de um perigosíssimo cocktail de bactérias, vírus e parasitas, a céu aberto, em vários locais da freguesia e em claríssimo risco para a Saúde Pública. Aparentemente ainda ninguém respondeu a esta questão. No entanto, o José Matos já canta vitória. Vá lá saber-se porquê.

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