sábado, julho 14, 2007
Há uma regra de ouro no futebol e na vida que diz mais ou menos isto: primeiro dá-se a chancada. Depois pede-se desculpa. E nunca o contrário.
Escrevo isto a propósito da tomada de posse da nova Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos. O mínimo que se pode dizer é que Irene Silveira entrou com o pé esquerdo (provavelmente o mesmo que levou a chancada...).
De facto, ao convidar Correia de Campos para presidir à cerimónia da sua tomada de posse, Irene Silveira transmitiu imediatamente uma imagem de fraqueza: por um lado porque deu a impressão de que a OF estaria disposta a recuar e fazer as pazes com o Ministério da Saúde (que, recorde-se, poucos dias antes havia aproveitado o período pós-eleitoral da OF para publicar uma lei que havia negociado com a ANF, nas costas... da própria OF!!!), dando o primeiro passo para uma insólita reconciliação com alguém que acabara de a apunhalar (mais uma vez) pelas costas. Por outro lado, porque perdeu uma excelente oportunidade de não convidar o Ministro da Saúde para a tomada de posse, uma quebra da tradição que seria mais do que justificada, dadas as recentes atitudes de Correia de Campos.
Perante isto, qual avançado deslumbrado perante uma baliza aberta, o Ministro naturalmente não se aguentou e estoirou fortíssimo para o fundo das redes: falando só depois da nova Bastonária, Correia de Campos lá disse, em tom paternalista, que sim senhor, somos todos muito bonzinhos, mas não podemos colocar os interesses da profissão à frente dos da população, virando o bico ao prego de uma forma absolutamente lamentável, pois neste caso concreto, mais do que nunca os interesses dos farmacêuticos enquanto classe profissional coincidem com os da defesa da Saúde Pública e da acessibilidade ao medicamento.
Perante tudo isto, a nova Bastonária distribuiu sorrisos e cumprimentos.
O Ministro provavelmente relaxou e foi para férias, certo de que nos próximos anos dali não virão mais problemas. No entanto, talvez esteja enganado: é que a OF é uma estrutura multicéfala, que felizmente não vive só do que se faz em Lisboa...
Etiquetas: Farmácia, Política de Saúde
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