quarta-feira, agosto 01, 2007
E para começar, o assunto do costume: não acredito nos números referidos na notícia, que parecem claramente abusivos e baseados em pressupostos bastante duvidosos.
No entanto, é mais que óbvio que estes negócios não são para os pequenos farmacêuticos, mas sim para as grandes multinacionais do sector... de qualquer modo, ficam algumas questões:
Qual será o impacto que estas medidas terão nas farmácias e qualidade dos serviços farmacêuticos desta zona (17 milhões de euros a menos? - a fazer fé neste valor e tendo em conta a facturação da farmácia média divulgada pela ANF, isto significaria a anulação de cerca de 10 farmácias médias!)?
Tenderemos nós para um modelo de farmácia hospitalocêntrico?
Deverão as farmácias constituir uma importante fonte de financiamento dos hospitais (1 milhão de euros/ano)?
Será uma surpresa para mim se aparecer alguém interessado num concurso com estas exigências prévias (600.000 euros mais 3% da facturação é uma barbaridade!), sobretudo porque ao fim de 5 anos existe o risco de se perder tudo e é obrigatória nova negociação... mas enfim, fica o benefício da dúvida. A concretizar-se a prevista onda de negócios da China para o Estado, este será seguramente o maior triunfo de Correia de Campos no Ministério da Saúde.
Por outro lado, é notável a desfaçatez com que se escrevem certas coisas nos jornais... em todo o país já existem há dezenas de anos farmácias que estão abertas 24 horas por dia, 365 dias por ano!
Aqui fica o copy-paste a partir do DE:
Um espaço de 500 metros quadrados, uma facturação prevista de 17 milhões de euros por ano, 15 mil clientes a passar à porta todos os dias, uma margem de lucro de quase 20%, com uma concessão por cinco anos e ainda a possibilidade de alargar o negócio a novas actividades farmacêuticas.
É este o cenário proposto a quem quiser participar no concurso público que o Ministério da Saúde vai lançar esta semana para a gestão da primeira farmácia a ser instalada dentro de um hospital público português. Apesar da localização, a farmácia estará aberta a qualquer pessoa.
A farmácia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, será a maior farmácia de Portugal, e abre portas antes de Março do próximo ano. O secretário de Estado da Saúde homologou na semana passada os requisitos do concurso público, que define as condições impostas para a gestão desta mega-farmácia.
Seis hospitais prontos para avançar com farmácias
De acordo com as informações recolhidas pelo Diário Económico, são já seis os hospitais com autorização do Infarmed para receber estas unidades de saúde: S. João, no Porto, Hospital de Faro, Santo André, em Leiria, Hospital Padre Américo, no Vale do Sousa, o Centro Hospitalar de Coimbra, e o Centro Hospitalar de Torres Vedras. Ao Infarmed cabe verificar a “aptidão técnica” dos locais onde vão ser instalados as farmácias dos hospitais, que decorrem da assinatura do Compromisso para a Saúde, um acordo entre o Ministério da Saúde e a Associação Nacional das Farmácias que mudou o funcionamento das farmácias em Portugal. Contactados pelo DE, estes hospitais ou não responderam ou remeteram para mais tarde o lançamento do concurso.
A farmácia do Santa Maria, assim como as outras que vão começar agora a ser lançadas, não são para uso exclusivo dos doentes que se desloquem ao hospital onde está instalada a farmácia, funcionando como qualquer outra farmácia.
O presidente do Hospital de Santa Maria revelou ao Diário Económico que a farmácia vai ter cerca de 500 metros quadrados. Adalberto Campos Fernandes espera receber 600 mil euros de renda fixa pela utilização do espaço, a que se somam, no mínimo, 3% da facturação da farmácia. Contas feitas, isto representa um encaixe financeiro de mais de um milhão de euros, no mínimo. As estimativas para a facturação anual rondam os 17 milhões de euros. As contas, aliás, são fáceis de fazer: a receita média em Portugal custa 42 euros. Se multiplicarmos este valor pelos 1.100 doentes que esta farmácia deve receber vindos directamente da urgência, e depois multiplicarmos este resultado pelos 365 dias em que a farmácia vai estar aberta, por ano, chegamos ao valor de 16,8 milhões de euros de facturação. Isto, claro, sem contar com todos os funcionários do hospital, as visitas dos doentes e ainda todos os cidadãos que, estando nas redondezas, escolham comprar os medicamentos na única farmácia que sabem que está aberta 24 horas por dia, 365 dias por ano.
No entanto, é mais que óbvio que estes negócios não são para os pequenos farmacêuticos, mas sim para as grandes multinacionais do sector... de qualquer modo, ficam algumas questões:
Qual será o impacto que estas medidas terão nas farmácias e qualidade dos serviços farmacêuticos desta zona (17 milhões de euros a menos? - a fazer fé neste valor e tendo em conta a facturação da farmácia média divulgada pela ANF, isto significaria a anulação de cerca de 10 farmácias médias!)?
Tenderemos nós para um modelo de farmácia hospitalocêntrico?
Deverão as farmácias constituir uma importante fonte de financiamento dos hospitais (1 milhão de euros/ano)?
Será uma surpresa para mim se aparecer alguém interessado num concurso com estas exigências prévias (600.000 euros mais 3% da facturação é uma barbaridade!), sobretudo porque ao fim de 5 anos existe o risco de se perder tudo e é obrigatória nova negociação... mas enfim, fica o benefício da dúvida. A concretizar-se a prevista onda de negócios da China para o Estado, este será seguramente o maior triunfo de Correia de Campos no Ministério da Saúde.
Por outro lado, é notável a desfaçatez com que se escrevem certas coisas nos jornais... em todo o país já existem há dezenas de anos farmácias que estão abertas 24 horas por dia, 365 dias por ano!
Aqui fica o copy-paste a partir do DE:
Maior farmácia de Portugal abre no Santa Maria
O Hospital de Lisboa será o primeiro a vender medicamentos ao público.Um espaço de 500 metros quadrados, uma facturação prevista de 17 milhões de euros por ano, 15 mil clientes a passar à porta todos os dias, uma margem de lucro de quase 20%, com uma concessão por cinco anos e ainda a possibilidade de alargar o negócio a novas actividades farmacêuticas.
É este o cenário proposto a quem quiser participar no concurso público que o Ministério da Saúde vai lançar esta semana para a gestão da primeira farmácia a ser instalada dentro de um hospital público português. Apesar da localização, a farmácia estará aberta a qualquer pessoa.
A farmácia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, será a maior farmácia de Portugal, e abre portas antes de Março do próximo ano. O secretário de Estado da Saúde homologou na semana passada os requisitos do concurso público, que define as condições impostas para a gestão desta mega-farmácia.
Seis hospitais prontos para avançar com farmácias
De acordo com as informações recolhidas pelo Diário Económico, são já seis os hospitais com autorização do Infarmed para receber estas unidades de saúde: S. João, no Porto, Hospital de Faro, Santo André, em Leiria, Hospital Padre Américo, no Vale do Sousa, o Centro Hospitalar de Coimbra, e o Centro Hospitalar de Torres Vedras. Ao Infarmed cabe verificar a “aptidão técnica” dos locais onde vão ser instalados as farmácias dos hospitais, que decorrem da assinatura do Compromisso para a Saúde, um acordo entre o Ministério da Saúde e a Associação Nacional das Farmácias que mudou o funcionamento das farmácias em Portugal. Contactados pelo DE, estes hospitais ou não responderam ou remeteram para mais tarde o lançamento do concurso.
A farmácia do Santa Maria, assim como as outras que vão começar agora a ser lançadas, não são para uso exclusivo dos doentes que se desloquem ao hospital onde está instalada a farmácia, funcionando como qualquer outra farmácia.
O presidente do Hospital de Santa Maria revelou ao Diário Económico que a farmácia vai ter cerca de 500 metros quadrados. Adalberto Campos Fernandes espera receber 600 mil euros de renda fixa pela utilização do espaço, a que se somam, no mínimo, 3% da facturação da farmácia. Contas feitas, isto representa um encaixe financeiro de mais de um milhão de euros, no mínimo. As estimativas para a facturação anual rondam os 17 milhões de euros. As contas, aliás, são fáceis de fazer: a receita média em Portugal custa 42 euros. Se multiplicarmos este valor pelos 1.100 doentes que esta farmácia deve receber vindos directamente da urgência, e depois multiplicarmos este resultado pelos 365 dias em que a farmácia vai estar aberta, por ano, chegamos ao valor de 16,8 milhões de euros de facturação. Isto, claro, sem contar com todos os funcionários do hospital, as visitas dos doentes e ainda todos os cidadãos que, estando nas redondezas, escolham comprar os medicamentos na única farmácia que sabem que está aberta 24 horas por dia, 365 dias por ano.
Etiquetas: Farmácia, Política de Saúde
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