<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, setembro 10, 2007

O Abel Cunha escreveu um excelente texto sobre o problema da caça no Bioria. Aqui fica o texto cujo original se pode ler no Notícias da Aldeia:

Discretos projectos

Às caixas do Efervescente e, deste blog, chegam os desencantos dos que, vindos de longe atraídos pela biodiversidade da região, perfeitamente enquadrada no projecto Bioria, se deparam com a chocante realidade, que nada tem a ver com as imagens paradisíacas do documentário “Discretas Afinidades”, da publicidade circulante por essa Europa ou, das boas intenções da equipa de projecto.

A triste realidade e porca miséria do que se entende por um projecto de protecção da natureza - cuja intenção no papel se louva - não passa como todos os que por aqui vivem o sabem, de um arranjo precário de caminhos e colocação de algumas placas informativas nas quais, os caçadores vão afinando a pontaria. O projecto, agora em fase inicial de implementação nos campos de Canelas, é efectivamente de indiscutível importância para a região, quer ao nível da protecção da fauna e flora locais, das aves migratórias, da reprodução das espécies, da economia decorrente do turismo ecológico ou, da natural harmonia e convivência equilibrada entre o Homem e o ambiente.

Como já disse noutra ocasião, o projecto carece de sustentabilidade e empenho por parte das entidades envolvidas. Não pode continuar a viver de pequenas acções pontuais, descontextualizadas e esporádicas, que se não constituem numa vontade determinada e decidida de fazer desta zona um santuário da natureza e, consequentemente, alargar a atractividade turística da região. De que serve anunciar o projecto por essa Europa se, os eventuais visitantes, não encontram mais do que uma placa na boca do esteiro de Salreu, o risco de serem atingidos pelos caçadores e, uma carência evidente de instalações hoteleiras de qualidade?

Nestes tempos de marketing, mais do que uma realidade, criou-se uma imagem de marca que não corresponde ao produto anunciado, decepcionando todos aqueles que resolvem vir ver in loco, a natureza publicitada.

Sabemos que a equipa de projecto e mesmo a CME, não terão os meios nem as competências para tudo resolver. Estarão impossibilitados de criar infra-estruturas hoteleiras capazes de receber um turismo sénior, endinheirado e ávido da paz e encanto que a nossa região lhe pode oferecer. Não terão oportunidade de acelerar a implementação de um projecto que se arrasta infinitamente pelas gavetas de gente que não estará minimamente interessada no mesmo. Debater-se-ão com problemas de financiamento que impedirão qualquer dinâmica de implementação consecutiva.

No entanto, não se compreende como conciliam a edificação de tal projecto com a barbárie cometida por umas dúzias de psicopatas que de espingarda na mão, abatem qualquer espécie que por ali habite. Como conciliam a protecção efectiva das espécies, com uma actividade puramente predatória e, um antangónico turismo ecológico do qual a região poderia retirar dividendos interessantes.

O projecto tem de avançar segura, decidida e consequentemente, não concedendo com práticas ou interesses corporativos. A caça tem de ser imediatamente, erradicada da zona de projecto sob pena de não mais avançar para além do que, actualmente é. Uma zona da qual, os únicos que retiram algum proveito, são os caçadores; dispõem de melhores caminhos para se deslocarem e, placas informativas para afinarem a pontaria.

E terá de ser muito mais do que a mera colocação das citadas placas. Será necessário trabalhar junto das populações no sentido de as sensibilizar para a importância social e económica imanentes, construir esconderijos de observação, gerir circuitos guiados e tudo o mais associado a este tipo de projecto. Dizer que existe, é pouco e temporário.

Etiquetas:


follow me on Twitter
Comments: Enviar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?