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terça-feira, outubro 02, 2007

Ao contrário do que sempre sucede antes de qualquer tipo de eleições, não anunciei a minha intenção de voto relativamente à disputa da liderança do PSD. Isso aconteceu por dois motivos: pela natural falta de tempo e moedas no bolso, mas também pela genuína incapacidade de decidir entre duas escolhas tão pouco estimulantes.
O cinzentismo estéril e oportunista de Mendes era porém acompanhado de alguma tentativa de seriedade e elevação na disputa das causas, enquanto que o aventureirismo impulsivo e desorganizado de Menezes era contrabalançado pelo fascínio da pedrada no charco e da bofetada de luva branca à intelectualidade dominante dentro e fora do PSD.
Ganhou Menezes e com ele provavelmente regressou a alegria à política portuguesa. A partir de agora voltou a agenda política que funciona a reboque dos acontecimentos e da imprensa, que deste modo voltará a funcionar simultaneamente como cavalo e condutor da diligência que ela própria fará descarrilar perante o seu próprio fogo cerrado.
Menezes é o tipo de líder de quem só se podem esperar grandes coisas: será contra tudo o que o governo propuser e a favor de todas as queixas que lhe apresentarem. Apresentará ideias avulsas e pouco coerentes sobre assuntos que não lembram ao diabo e promoverá a ascensão de delfins com o calibre intelectual do rapazinho que lhe escrevia o blogue com copy-pastes a partir da wikipédia. Terá que prestar contas a quem financiou o pagamento maciço de cotas que afinal não eram precisas e verá a forma lenta mas progressiva como a massa intelectual agora derrotada se organiza para lhe fazer a cama logo que Sócrates lhe aplique a anunciada machadada de 2009.
Por outro lado, Menezes vai seguramente despolarizar o modelo Lisboacêntrico de fazer política, o que naturalmente vai fazer com que muitos dos habitués dos jogos de bastidores vejam o tapete fugir-lhes de baixo dos pés sem perceberem muito bem para onde é que agora devem saltar.
Enfim, para a blogosfera a vitória de Menezes é obviamente o melhor resultado possível. Vêm aí aí tempos muito mais estimulantes. Só há um pequeno senão: é que qualquer líder do PSD tem uma probabilidade de vir a ser primeiro-ministro que, mesmo sendo ínfima como agora se acredita, é seguramente diferente de zero. A vida pública portuguesa dos anos mais recentes já mostrou que tudo pode acontecer e que as coisas mudam a um ritmo alucinante. Nesse sentido, seria melhor ter Mendes que Menezes a ocupar este cargo. Mas que se lixe: este risco parece um preço justo para o divertimento que aí vem!

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