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quarta-feira, outubro 10, 2007

Teoria da conspiração

Como os leitores mais antigos deste blogue bem sabem, a produção de teorias da conspiração é uma das actividades a que periodicamente me dedico com assinalável insucesso. De qualquer modo, como na persistência é que está a virtude e mesmo um relógio parado acaba por estar certo pelo menos duas vezes ao dia, sinto-me perfeitamente motivado e com vontade de continuar esta linha de actividade subversiva, ao melhor estilo de Mel Gibson naquele filme velhinho e de que provavelmente já ninguém se lembra.
Tudo isto para falar dos efeitos em Estarreja das recentes eleições no PSD. De facto, o abalo foi enorme. Estarreja era conhecida por ser uma secção profundamente pró-Marques Mendes, como o provam as frequentes passagens do ex-líder pela casa de Regina Bastos na Torreira (com direito a referência na revista Sábado - ou na Visão?), a tentativa de salvar a face do PSD na questão do IC1 feita em cima de um camião em Fermelã, a quase unanimidade em torno do ex-líder e o número de vezes com que todos os dirigentes laranjas locais se esforçavam por aparecer nas fotografias ao lado de Mendes.
No entanto, desta vez algo correu mal. O primeiro sinal surgiu quando José Eduardo de Matos, reconhecidamente o social-democrata estarrejense com faro político mais apurado, se pôs de parte e apoiou Menezes. De uma forma discreta para não correr riscos excessivos, mas a verdade é que José Eduardo saltou fora a tempo. Por causa disso ou por outro motivo qualquer, a verdade é que Menezes, apoiado por José Eduardo contra a direcção concelhia, venceu de um modo surpreendente em Estarreja. E isso, naturalmente, vai trazer dividendos políticos a José Eduardo de Matos, cujas relações de proximidade com Ribau Esteves (o futuro Secretário-Geral do PSD) são bem conhecidas.
Ora, é aqui que a coisa se complica: as próximas eleições legislativas e autárquicas não deverão ser muito separadas no tempo, o que significa que a dança de lugares que sempre ocorre nesta altura coincide com os timings de fim de mandato do poder local. E em 2009 José Eduardo de Matos vai estar numa situação politicamente pouco interessante em Estarreja: depois de um primeiro mandato passado a inaugurar obras de que não é autor e um segundo mandato que terminará afogado numa piscina faraónica e desnecessária, a perspectiva de um terceiro mandato será tudo menos estimulante para quem já há muito vem dando sinais de esgotamento de ideias. Aliás, mesmo sob o ponto de vista individual de quem quer continuar uma carreira política, não fará qualquer sentido a arriscada recandidatura ao cargo de Presidente da Câmara de Estarreja, sob pena de estar a desperdiçar uma oportunidade única e dificilmente repetível. Até porque JEM sabe que não vai repetir o resultado de 2005, a partir do qual só poderá descer e inclusive há o risco de perder as eleições.
Ou seja, com Ribau como Secretário-Geral e Menezes na presidência do PSD, é altamente provável que José Eduardo de Matos levante voo e seja, por exemplo, candidato a deputado.
Neste cenário, o PSD de Estarreja ficará decapitado: a concelhia está enfraquecida e desautorizada e antevê-se uma luta verdadeiramente fratricida pela liderança da candidatura à CME, que nos meios laranja se acredita ser sinónimo de vitória automática nas eleições.
No entanto, o povo tende a não gostar nem de obras populistas e desnecessárias, nem de situações em que as comadres se zangam e a luta política se transforma em intriga paroquial.
Paralelamente, é de prever uma subida global a nível nacional dos resultados autárquicos do PS em 2009, dado o desgaste das diversas câmaras PSD (Lisboa foi o exemplo mais extremo).
Assim, parece altamente provável que o candidato do PS às próximas autárquicas seja também o próximo Presidente da Câmara de Estarreja.

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Comments:
Vladimiro, efectivamente somos um país miserável. Estamos a falar de partidos que são os responsáveis directos e inequívocos pela situação miserável deste país. Estamos a falar de gente menor, perfeitos oportunistas que se alimentam na ignorância que eles próprios fomentam. Estamos a falar de candidatos ao governo nacional cujo primeiro interesse é a sua própria governação. Gente que se suja por tostões como é o caso do senhor Meneses no processo das viagens fantasma.
Quanto a candidatos à CME, ou muito me engano ou, Deus nos livre do que está para vir.
Cpts.
 
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