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sábado, junho 21, 2008

A saída prematura de Portugal do Euro foi uma espécie de eutanásia para uma selecção que de facto já estava moribunda. Aliás, em abono da verdade, penso que no fundo todos estamos contentes pelo sofrimento ter acabado já e não termos sido obrigados a agonizar até uma inevitável e previsível derrota nas meias-finais ou na final, seja com que selecção fosse.
Ao contrário da ideia que tantas vezes se tentou fazer passar, o único resultado que nos poderia deixar satisfeitos era mesmo a vitória no Euro, sobretudo depois do mega-barrete que foi a derrota com a Grécia em 2004 (qual é a probabilidade de, na única ocasião em que chegamos à final, estarmos simultaneamente a jogar contra a Grécia e em casa?) e também porque este ano tínhamos o melhor jogado do mundo. Portugal era claramente a selecção favorita à vitória, nem que fosse só por causa de Cristiano Ronaldo. Assim, se não era para ganhar, mais valia que tudo acabasse o mais depressa possível. Felizmente foi o que aconteceu.
Neste campeonato a derrota tem, contudo, um culpado bem definido: Luís Felipe Scolari. De facto, Scolari, o manipulador que conseguiu pôr uma nação satisfeita depois de uma derrota em casa contra uma equipa de sapateiros gregos, desta vez teve mais que fazer e, não tendo que lutar pela vidinha (leia-se renovar contrato), negligenciou por completo o seu papel de treinador.
Ao contrário do que sucede por exemplo no Manchester, Cristiano Ronaldo não teve uma equipa que jogasse para si e abrisse espaço para a sua genialidade (não é só no Euro que lhe caem 3 defesas em cima de cada vez que toca na bola!). Tacticamente Scolari não fez nada para maximizar o talento de Ronaldo e a selecção jogou da mesma forma que jogaria se em vez de Ronaldo tivéssemos Nani, Quaresma ou outro qualquer. Pior: em vez de tranquilizar o jogador e dissuadi-lo do disparate-Real Madrid, Scolari deitou achas para a fogueira e de uma forma bastante clara incentivou CR a trocar de clube (o que até favorece o Chelsea...). Ou seja, Ronaldo jogou sob fortíssima pressão psicológica e numa equipa que tecnicamente não o favorecia. Por outras palavras, o talento de Ronaldo foi simplesmente desperdiçado por Scolari.
O outro grande problema da selecção foi a grosseira impreparação táctica dos jogos. Se contra a Turquia e República Checa o aparecimento de golos em momentos cruciais e a genialidade de Deco e a força de Pepe ainda serviram para disfarçar a falta de ideias, contra a Alemanha foi gritante a falta de um treinador digno desse nome: Portugal sofreu três golos com as jogadas mais previsíveis que se poderiam imaginar (diagonais de Schweinsteiger, cruzamentos para jogadores altos que entram atrás dos centrais....), com a agravante dos 2 últimos terem sido fotocópias um do outro. Aliás, ficou-se com a sensação de que se tivessem havido 10 cruzamentos daqueles teríamos sofrido 10 golos...
De facto, era praticamente impossível ganharmos: em termos ofensivos não havia uma estratégia de rentabilização do enorme talento instalado (Ronaldo, Quaresma e Simão não existiram e Nani teve poucos minutos e nenhum apoio), tacticamente a selecção jogava sempre da mesma forma e era facilmente anulável e em termos defensivos não houve qualquer preparação do jogo com a Alemanha, que marcou golos de uma forma que seguramente não voltará a marcar a nenhum outro adversário.
É aliás irónico o destino de Portugal: depois de termos perdido em 2004 contra uma selecção que nos ganhou dois jogos a jogar da mesma forma e com a mesma táctica, desta vez fomos eliminados após dois golos previsíveis e iguais. Scolari simplesmente não aprende (aliás, recentemente voltámos a perder com a Grécia num jogo particular - e enquanto Scolari e Rehagel forem os respectivos treinadores perderíamos sempre....), nem depois de ouvir dezenas de vezes a mesma lição!
Faltou treinador a Portugal e hoje em dia já não é possível ganhar campeonatos com equipas em auto-gestão. Muito menos depois de uma semana de completa balda, com todos (a começar pelo próprio Scolari) a negociarem publicamente contratos, jogadores a sairem do estágio para assinarem pela equipa que iria ser treinada pelo treinador e todo um ambiente de descontracção e falta de rigor que acabou por ter uma tradução muito concreta em golos alemães.
Scolari é um manipulador por excelência e no fim haverá concerteza quem ache que a selecção fez tudo, teve azar e/ou foi mais uma vez vítima da arbitragem. No entanto, desta vez a verdade é indisfarçável. E fica mais uma vez a sensação de que bastava um bocadinho de preparação táctica para termos sido campeões, tão superior é o talento individual dos nossos jogadores.

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