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terça-feira, agosto 05, 2008

Pela calada, à entrada de Agosto e de um modo ultra-discreto, a Ministra da Saúde Ana Jorge deu provavelmente a maior bordoada de sempre às farmácias portuguesas e à ANF.
De facto, comparadas com a descida de 30% no preço dos genéricos, todas as iniciativas de Correia de Campos são peanuts: depois da dupla redução de 6% no PVP (11,6% redução acumulada) de todos os medicamentos sujeitos a receita médica e do estrangulamento das margens das farmácias e armazenistas, os genéricos eram uma fonte de margem de lucro que permitia às farmácias manterem o seu equilíbrio financeiro e sobretudo económico. Com esta medida provavelmente tudo mudará: obviamente que a indústria fará reflectir esta diminuição nas margens atribuídas às farmácias e com isto serão estas directamente quem suportará os custos da medida. O facto de já estar há alguns meses afastado da realidade profissional diária da farmácia de oficina faz com que não tenha a plena noção da percentagem da margem que é devida aos genéricos. No entanto, seguramente que deverá ser bastante elevada (30%? - neste caso haveria uma diminuição de 9% na margem real, que passaria para cerca de 22%). Traduzindo tudo em miúdos, a margem de negócio das farmácias diminuiu acentuadamente, o que poderá causar perdas directas de cerca de 31.500€ por ano a uma farmácia média.
Oportunamente falarei das consequências desta medida para o SNS, médicos e utentes.

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Comments:
A margem das farmácia, para os medicamentos sujeitos a receita medica, em conformidade com o disposto no artigo 17.º, secção II, do Decreto-Lei n.º65/2007, de 14 de Março é sempre o mesmo: 18,15%! E não os 30% de que fala!
Pelo que estará a fazer contas erradas!

J. Rodrigues
(farmacêutico)
 
Caro amigo,

De facto, a notícia ainda é pior do que inicialmente me tinhas dado conta... Não descem 20% mas sim 30%!

O impacto desta brincadeira é brutal!

Com a redução de 2,88% de margem em 2 anos e de 11,6% nos preços no mesmo período de tempo, a que ainda há a acrescentar a descida que já tinha ocorrido nos genéricos com maior quota de mercado (que nalguns casos chegou aos 12%), as farmácias têm sido verdadeiramente massacradas por este governo.

A verdade é que, para compensar este cenário, a farmácia tem-se virado para os genéricos como a única forma de conquistar alguma da margem perdida. Se é verdade que a margem oficial da farmácia é de 18,15%, também é verdade que, se a farmácia assumir algum risco, consegue comprar algumas marcas de genéricos com descontos adicionais que, em média rondam os 30 a 50%. Ora, de os preços baixam agora, omo bem referiste, quem vai sofrer esta redução será a farmácia, pois obviamente a indústria irá reflectir isso mesmo nas condições que dá às farmácias.

A justificação para a medida é rídicula, pois neste momento o factor que impede o crescimento da quota de genéricos já não é o preço, mas sim a resistência da classe médica. Esta medida só serve para o Estado poupar dinheiro, sacrificar os doentes que têm médicos que não querem genéricos e, claro, as farmácias.

Gostaria de ver tamanha coragem com a classe médica. Seria muito mais rápida a subida de quota de genéricos se houvesse prescrição por DCI mas, como já verificamos, não se vai afrontar a classe médica.
 
Ao Jorge Rodrigues: se ler com atenção o meu texto, verá que eu não refiro que a margem dos MSRM é de 30% - o que eu escrevi é algo completamente diferente: penso que o peso dos genéricos na margem real das farmácias é que será de cerca de 30%, um valor que provavelmente até estará subestimado.
Por outras palavras, este é um cálculo que pretende ser minimalista.
Não confundamos a margem legal com a margem real dos negócios :)
 
Com essa explicação clarificou de facto a sua posição e ajudou-me a compreender o seu post!

Cumprimentos.

Jorge Rodrigues
 
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