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sexta-feira, setembro 05, 2008

Vai rija a discussão no Boticário de Província. E, qual maçã de Newton a caminho do chã, cá fica também a minha opinião: esta decisão (dos farmacêuticos darem injecções) é uma perfeita estupidez, um tiro no pé da classe farmacêutica (foi a ANF que pediu isto ao governo) e é totalmente desnecessária para o SNS. Passo a justificar:
- Com o exercício deste tipo de actividades não directamente ligadas à sua formação, os farmacêuticos despolarizam o exercício da sua actividade e entram em áreas que não dominam (é patético o curso de 20 horas promovido pela Ordem dos Farmacêuticos). Se hoje em dia é raro encontrarem-se farmácias e farmacêuticos que desempenhem bem a plenitude das suas funções (a culpa é do sistema - e digo-o sem ponta de ironia), à medida que se vão adquirindo novas tarefas será inevitável o caminho no sentido inverso ao da avaliação farmaco-terapêutica dos doentes, análise de interacções medicamentosas, promoção da adesão à terapêutica, farmacovigilância, aconselhamento, etc. Ou seja, a troco de meia dúzia de tostões (ganhos indirectamente em "afinidade pela Farmácia" e outros esotéricos conceitos de marketing) os farmacêuticos passam a ser uma entidade profissional nova, espécie de quimera nascida a meio caminho entre um farmacêutico, um enfermeiro, um analista clínico, um médico, um homeopata, um veterinário, um vendedor de produtos naturais, um bombeiro, um conselheiro de uma perfumaria e uma funcionária da Chicco. Não, não se ganha nada com este tipo de iniciativas. Aliás, antes pelo contrário - cada vez a sociedade reconhece menos as vantagens da intervenção farmacêutica no circuito do medicamento (vejam o que vos aconteceu às margens...)!
- Haveria sempre o argumento de que os farmacêuticos não deveriam olhar apenas para o seu próprio umbigo e que esta medida é boa para os utentes, que deste modo têm injecções "mais à mão" que nos centros de saúde. No entanto, também este argumento não colhe: por um lado porque este não é um problema especialmente relevante (pelo menos, não é uma prioridade do SNS) - não são frequentes as queixas de falta de disponibilidade dos enfermeiros para darem injecções e nesse aspecto a rede de Cuidados de Saúde Primários sempre funcionou bem. Além disso, seria sempre possível que as injecções passassem a ser dadas nas farmácias... mas por enfermeiros contratados para o efeito!

Enfim, esta é claramente uma boa época para deixar de ser farmacêutico comunitário. Dar injecções? Apre!

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Comments:
Não estaremos a dar muita importância ao acto "dar injecções"?
 
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