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sábado, novembro 04, 2006

O José Matos respondeu em catadupa aos posts anteriores, utilizando a técnica da amálgama para tratar as questões: juntando acontecimentos com especulações e insinuações, mistura tudo (de modo a que os factos fiquem em igualdade de circunstâncias com as interpretações pessoais do José Matos) e obtém como resultado final algumas frases aparentemente certeiras e credíveis, mas que na verdade são facilmente desmontáveis, tal como demonstrarei a seguir.
Noto, no entanto, que o discurso do PSD de Estarreja está a entrar num certo comodismo: dá muito jeito culpar o governo por todos os males que acontecem ao município e, com jeitinho, ainda se arranja maneira de culpar também a oposição (como no caso da queixa)...
Comecemos por recapitular os acontecimentos:
- Alguém apresentou uma queixa no IGAT contra a Câmara Municipal de Estarreja devido a eventuais irregularidades no Eco-Parque;
- Em plena Assembleia Municipal de Estarreja, à uma da manhã, José Eduardo de Matos subiu ao púlpito e, de papel na mão, acusou o PS de ser o autor da referida queixa e por isso estar a prejudicar os interesses do município;
- Dado o adiantado da hora, o Presidente da AM concedeu 1 minuto ao PS para responder à acusação que JEM acabara de fazer. Como não estive lá, não ouvi a resposta dada por Marisa Macedo. No entanto, cito o que o José Matos escreveu sobre o assunto (aqui e aqui): "Não sabia da notícia e segundo o Presidente da Câmara a queixa foi feita pelo PS de Estarreja. Em assembleia, a líder do PS falou depois desta intervenção e não desmentiu a informação dada, o que é estranho, pois se tinha a certeza que não foi o PS porque razão não disse logo isso? Penso que será importante esclarecer isto(...)" e "(...) mostrou-se surpreendido e atrapalhado e não confirmou nem negou a autoria da mesma (...)". Ou seja, segundo relata o próprio José Matos, no momento em que foi confrontada com a acusação (ao PS de Estarreja!), Marisa Macedo (a representante do PS de Estarreja) não a negou de imediato. Ora, este é seguramente o melhor argumento a favor de Marisa Macedo (caso apresentar uma queixa fosse um acto reprovável, o que não subscrevo): não tendo sido a autora da queixa, não podia garantir que não tinha sido o PS a apresentá-la, pois nesse momento não dispunha de tempo para se informar junto dos restantes elementos do partido (e estava a falar não em nome pessoal, mas do partido que acabara de ser publicamente acusado)! Obviamente, depois de ter trocado impressões com outras pessoas, Marisa Macedo tratou de assumir publicamente a posição de defesa do partido injustamente acusado! Qualquer outra atitude seria intelectualmente desonesta!!! É absolutamente ridículo que se pegue num acto correcto (não negar à partida uma queixa sem confirmar que outros não a fizeram) para acusar quem correctamente procedeu!!!
- Logo no dia seguinte à AM, o PS de Estarreja, em conferência de imprensa, negou clara e frontalmente a acusação de José Eduardo de Matos;
- Em reacção a esta conferência de imprensa, o PSD de Estarreja fez provavelmente o mais insólito dos comunicados da sua história e pediu publicamente a demissão... da presidente da concelhia do PS!!!!
- Perante a acusação, o PS provou publicamente o seu não envolvimento na questão, exigindo desculpas públicas a José Eduardo de Matos;
- Em vez de admitir o erro e pedir desculpas, José Eduardo de Matos reformulou a acusação (como se o próprio acto de mudar de alvo não fosse por si só o assumir de que inicialmente se tinha enganado...).
Há aqui, claramente, vários pontos a explorar que são absolutamente insólitos:
- Sobre a referida queixa, José Eduardo de Matos, o PSD de Estarreja e o José Matos já se pronunciaram publicamente várias vezes. Em nenhuma ocasião disseram se a queixa tinha ou não fundamento!!! O que interessa à população não é jogar às queixinhas: é saber se existem motivos de preocupação com o estado do Eco-Parque. Pela milésima vez, renovo a pergunta ao José Matos: a queixa tem fundamento? Está tudo bem com o Eco-Parque? Existem razões para nos preocuparmos?
- O acto de apresentar a queixa é relatado como um "crime de lesa-município". Ora, é absolutamente ridículo ver que esta acusação vem dos campeões nacionais de queixas ao IGAT: durante o último mandato em que o PS esteve na CME, JEM e o PSD apresentaram mais de 30 queixas contra o anterior executivo camarário!!! Ou seja, nesse tempo apresentar queixas não era "prejudicial aos interesses do município", mas sim um acto que alguns políticos consideravam tão natural como respirar... Enfim, haja honestidade intelectual: uma queixa com fundamento é uma atitude correcta da oposição, cuja função é fiscalizar a acção de quem está no poder. Uma queixa sem fundamento é puro terrorismo político...
- Além disso, há mais suspeitos: em Estarreja há outro partido na oposição (a CDU) e há vários freelancers que não gostam de JEM e se preocupam com o desenvolvimento do concelho. JEM decidiu acusar o PS apenas por um motivo: era necessário encontrar algo que desviasse a discussão política concelhia dos seus múltiplos fracassos. No entanto, não nos enganemos: a queixa não vale nada quando se compara com o caso das lamas de Canelas, da perda das fábricas do IKEA, da perda da urgência do HVS, da perda da A29 a poente, da introdução de portagens na A29, da perda do Acto, etc. JEM bem pode inventar casos que, como diz o José Matos, as pessoas preocupam-se é com as suas vidas e com aquilo que as afecta no dia a dia. E é por isso que JEM não será perdoado pela sua inépcia em todas estas situações;
- Para terminar: não sei quem fez a queixa, mas deixo aqui a minha solidariedade política para o autor da mesma que, preocupado com o futuro do concelho, recorreu aos meios legais para impedir que JEM possa continuar a causar todo o mal que tem provocado. A apresentação daquela queixa foi um elementar acto de cidadania, que deve ser apoiado e elogiado. A diabolização pública do autor da queixa é que é, essa sim, um crime de lesa-município! Se a queixa não tem fundamento, o IGAT irá considerá-la irrelevante. No entanto, a forma nervosa e insistente como José Eduardo de Matos se tem comportado nesta questão mostra que este não é um assunto que deixe o Presidente da Câmara de Estarreja descansado... porque será?

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Comments:
Mais um crime ambiental patrocinado pelo executivo camarário, a maioria das árvores do largo de Stº Amaro estão neste momento a ser abatidas depois de muitos e muitos anos a fazerem sombra a uma das maiores feiras do concelho.

A seguir certamente vão lá plantar umas centenas de candeeiros.
 
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