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sábado, dezembro 08, 2007

O recente episódio de faca e alguidar que marcou a vida da Revista Atlântico (o Tiago Mendes chamou fascista, fundamentalista religioso e homófobo ao André Azevedo Alves; o blogue entrou em ebulição; o Tiago Mendes saiu) só vem confirmar aquilo que escrevi há dias: estamos perante o mais interessante produto editorial dos últimos tempos.
Há muito tempo que não via gente com coragem para defender ideias execráveis publicamente e ainda por cima utilizando tão belas palavras. O Tiago Mendes não percebeu que o interesse da Revista Atlântico era exactamente este: o convívio incomodado de indivíduos com mau feitio e dispostos a tudo para fazer a vida negra ao vizinho do lado, mas mantendo uma certa fleuma britânica que os faz servir os maiores ataques em bandeja de prata e com um sorriso nos lábios. Embora o Tiago Mendes fosse especialista na nobre arte de azucrinar aqueles com os quais discorda, faltou-lhe de facto o chá e a capacidade de o fazer por intermédio de palavras suaves. Não é fácil passar com um rolo compressor por cima de alguém sem que essa pessoa o note. No entanto, na Atlântico uma grande parte dos comentadores consegue-o com assinalável êxito. Aliás, o André Azevedo Alves é seguramente o mais interessante exemplo de alguém que consegue infiltrar ideias anacrónicas e, em certa medida, cómicas, como se fossem nobres princípios que todos devemos respeitar, ou, no pensamento dos homens de direita, a direita no seu estado mais puro. De qualquer modo, o AAA é útil à Atlântico, pois as virtudes do liberalismo não religioso de direita só são visíveis ao lado do liberalismo confessional da direita a preto e branco. Dito de outra forma, sem o AAA a Revista Atlântico era de direita. Com o AAA, e por oposição ao que este escreve, a Revista Atlântico é de direita liberal, moderada e portanto aceitável. É interessante a agenda desta gente, não é?

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