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sábado, dezembro 08, 2007

Um interessante comentário do Malta a este post:

Muito sinceramente não creio que haja razões para temer o fenómeno natural da globalização no sector do medicamento. Antes pelo contrário.
Esclarecer que globalização é bem diferente de liberalização ou banalização! Sobre o uso cada vez mais desprotegido do medicamento pelo cidadão, ainda para mais atendendo à "iliteracia em saúde" que graça no nosso País a que o Prof. Fernando Ramos muito gosta, e bem, de aludir, todos nós, farmacêuticos e profissionais de saúde em geral, estaremos certamente contra. Daqui a uns anos, os sinais da falta de responsabilidade desta política far-se-ão notar. Porque não é com linhas 24 que vamos resolver um problema que, com o estrito controlo de médicos e farmacêuticos, estaria bem melhor, e sempre evidenciou, aliás, resultados tendencialmente positivos.
Mas, o que se fala aqui, é de globalização. Ou seja, o medicamento como bem de saúde cujo objectivo é chegar a toda a população que dele precisa, pelas suas características ímpares, tem que ser bem controlado. Segurança, Qualidade e Eficácia são factores-chave. Daí, a tentativa europeia de reforçar poderes da sua agência central, globalizante, para que esse controlo seja mais apertado e efectivo. A ideia é ser um polvo com a cabeça no coração da europa e os seus tentáculos em cada um dos 27 países.
Se os medicamentos são realmente inovadores ou mais do mesmo ("me too"), isso já será outra questão. Prender-se-á com a legislação, normas de mercado existentes e incentivos estratégicos da I&D na indústria farmacêutica. Se o conhecimento, decisão, competências, saem de cada Estado Membro para residir em permanência e efectividade na EMEA, em Londres, para uma decisão depender de "27 pessoas", qual é o problema? Se forem "27 pessoas" realmente conhecedoras, competentes e que zelem pelos interesses das populações, óptimo! Bem melhor do que outras tantas pessoas que estão em agências nacionais, que perceberão muito menos, serão porventura mais susceptíveis às tais pressões externas, e num mercado globalizante, um medicamento aí aprovado poderá chegar a todo o lado! Sinceramente, prefiro saber que o medicamento que tomo passou pelo crivo avaliativo da EMEA do que de uma agência de um qualquer país. (sem querer estar a nomear casos concretos, até porque não conheço assim tanto essa realidade, devo dizer, contudo, que conheço um pouco da acção do nosso Infarmed e na minha opinião temos uma das melhores agências da Europa; não devemos só criticar o mau, é preciso louvar o bom, até para que ele se torne óptimo!).
Em suma, parece-me que o cenário apresentado antevê um aumento de poder e competências da EMEA com o objectivo de atingir a robustez de uma FDA. Foi o que inferi das palavras do Dr. Faria Vaz. A ser assim, acho muito bem! Todos concordaremos que a FDA está no topo, não queremos nós o mesmo para a nossa Europa?

PS - Pelas razões que aqui expus, não concordo com o Malta. Acho que temos que manter alguma autonomia e devemos ter capacidade de desenvolver conhecimentos na área da regulação do medicamento, sem os quais ficaremos sempre dependentes de outros. É uma questão de independência e, em última análise, também soberania.

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Comments:
Posto dessa maneira, tenho que ceder...mas faço-o com gosto e convicção. Concordo plenamente contigo, Vladimiro.
Todavia, para mim, o nó górdio por resolver reside em saber se um reforço da EMEA à imagem de uma FDA será conciliável (e exequível) com um reforço de cada uma das agências nacionais...
Aliás, esta questão faz-me lembrar a problemática da questão europeia em geral: queremos ser europeus ou queremos continuar a ser nacionais? Será mesmo possível continuarmos a querer as duas coisas, com cada estado membro a querer do seu lado a maior parte do fio como se de um jogo da corda se tratasse?
 
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