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domingo, janeiro 20, 2008

Algures na história de Portugal houve um imbecil que decidiu que uma boa forma de ajudar à celebração dos santos populares ou do raio que os parta era a emissão de foguetes pirotécnicos que produzem um inconsequente, irritante e profundamente patético estalido.
Antes de prosseguir com este texto, devo fazer um pequeno parêntesis para uma pequena declaração de interesses: o blogger que escreve este texto às 9:28 de um domingo de manhã foi acordado por uma sequência de foguetes emitidos no centro de Santa Maria da Feira de uma forma metódica, de 30 em 30 segundos, entre as 9:00 e as 9:15 deste mesmo dia.
Continuando, dizia eu, não há (nem pode haver) ideia mais idiota que a do lançamento de foguetes: trata-se de uma actividade perigosa, barulhenta e que não é bonita (pois ocorre durante o dia e os ditos-cujos apenas emitem uma pálida e fugidia luz amarela ao estalarem - e mesmo assim temos que estar concentrados e a olhar na direcção certa para a vermos). Sendo assim, como justificar esta estupidez colectiva que consiste no lançamento de foguetes? Não me parece que o lobby da pirotecnia tenha poder suficiente para sustentar a renovação de incêndios florestais evitáveis e de sucessivas gerações de crianças queimadas, cegas ou manetas que a irresponsabilidade dos promotores da utilização destes produtos sempre origina.
Na minha opinião, qualquer tentativa de encontrar uma explicação racional para o surgimento do costume de lançar foguetes pirotécnicos constituirá sempre uma sobrevalorização do intelecto de quem inicialmente promoveu esta actividade. Ou seja, nem tudo na vida tem uma razão lógica: há momentos da história da humanidade que são simplesmente exemplos de estupidez no seu estado mais puro ou, se preferirmos, há momentos em que o ser humano tem uma aparentemente irresistível tentação por seguir a via menos racional. E, como se prova pelo caso dos foguetes, há ocasiões em que este tipo de atitudes funciona segundo uma dinâmica de grupo, que ninguém se atreve a contestar.
É neste grau de cretinice fascizóide que hoje vivemos: com a mesma cara com que aplaude de pé a lei que oprime os fumadores e o show-off da ASAE, a sociedade do politicamente correcto encolhe os ombros e sorri paternalista para a actividade de lançamento de foguetes. Estas três situações têm, no entanto, um ponto comum: a insustentável tentação de chatear o próximo. No meu caso, há que reconhecê-lo, estão de parabéns: o objectivo foi plenamente atingido.

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