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quarta-feira, dezembro 28, 2011

E quando se pensava que o Acordo Ortográfico não poderia ser mais estúpido, eis uma novidade: a palavra "receptividade" continua a escrever-se desta forma no Brasil, mas muda para "recetividade" em Portugal e nos países africanos!!!!!
Haverá limites para a imbecilidade humana? Aparentemente não, como o prova diariamente o AO, perdão, o hin-hon.

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segunda-feira, dezembro 26, 2011

Gosto sempre de voltar a este tema sem recorrer à Wikipedia. Então é assim: 
  1. Todos sabemos que a noção de zero começou apenas algures na Idade Média, o que faz com que na verdade Jesus Cristo tenha nascido em 1;
  2. Ou seja, se fosse vivo, Jesus Cristo teria feito ontem 2010 anos;
  3. Este pormenor, que não é irrelevante, remete-nos para duas questões:
    1. Se se indexou o calendário em que vivemos ao nascimento de Cristo, não seria mais correcto que se considerasse o dia do seu nascimento como o primeiro do ano? Isto é, não deveriam os anos começar a 25 de Dezembro e não a 1 de Janeiro (e nesse caso estaríamos já no dia 26 de Dezembro de 2012, o verdadeiro segundo dia do ano)? 
    2. Enfim, assumindo que as coisas foram tão mal feitas como aparentemente parece que foram, resta-nos saber verdadeiramente quando é que nasceu Cristo: a 25 de Dezembro de 1 DC (o que faria com que 359 dos 365 dias do primeiro ano DC - 98,3%! - fossem na verdade passados AC. Isto é, Maria ainda nem sequer estava grávida e já a humanidade vivia o seu primeiro ano DC!) ou a 25 de Dezembro de 1AC, iniciando-se a contagem dos anos DC 6 dias mais tarde (o que originaria a situação absurda de Jesus Cristo viver os seus primeiros 6 dias... antes de Cristo)? 
    3. Haverá ainda uma terceira hipótese, que é a de algures no tempo ter havido um reajustamento de 6 dias ao calendário, passando-se a chamar 25 de Dezembro ao dia 1 de Janeiro original - mas nesse caso o verdadeiro aniversário de Jesus Cristo teria sido a 19 de Dezembro!
Enfim, aguardam-se esclarecimentos de leitores mais inteligentes que este blogger... e, por mera precaução, boas entradas a todos!

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domingo, dezembro 11, 2011

Nem de propósito, imediatamente após ter escrito o texto anterior li este comentário de Filipe Luís, na Visão (apesar do Acordo Ortográfico, julgo que o texto é perceptível):

O Quarto Reich

A guerra pode ter já recomeçado

Filipe Luís
8:55 Quarta feira, 5 de Out de 2011
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A inflamada declaração de Angela Merkel, numa entrevista à televisão pública alemã, ARD, em que sugere a perda de soberania para os países incumpridores das metas orçamentais, bem como a revelação sobre o papel da célebre família alemã Quandt, durante o Terceiro Reich, ligam-se, como peças de puzzle, a uma cadeia de coincidências inquietantes. Gunther Quandt foi, nos anos 40, o patriarca de uma família que ainda hoje controla a BMW e gere uma fortuna de 20 mil milhões de euros. Compaghon de route de Hitler, filiado no partido Nazi, relacionado com Joseph Goebbels, Quandt beneficiou, como quase todos os barões da pesada indústria alemã, de mão-de-obra escrava, recrutada entre judeus, polacos, checos, húngaros, russos, mas também franceses e belgas. Depois da guerra, um seu filho, Herbert, também envolvido com Hitler, salvou a BMW da insolvência, tornando-se, no final dos anos 50, uma das grandes figuras do milagre económico alemão. Esta investigação, que iliba a BMW mas não o antigo chefe do clã Quandt, pode ser a abertura de uma verdadeira caixa de Pandora. Afinal, o poderio da indústria alemã assentaria diretamente num sistema bélico baseado na escravatura, na pilhagem e no massacre. E os seus beneficiários nunca teriam sido punidos, nem os seus empórios desmantelados. 
As discussões do pós-Guerra, incluíam, para alguns estrategas, a desindustrialização pura e simples da Alemanha - algo que o Plano Marshal, as necessidades da Guerra Fria e os fundadores da Comunidade Económica Europeia evitaram. Assim, o poderio teutónico manteve-se como motor da Europa. Gunther e Herbert Quandt foram protagonistas deste desfecho.
Esta história invoca um romance recente de um jornalista e escritor de origem britânica, a viver na Hungria, intitulado "O protocolo Budapeste". No livro, Adam Lebor ficciona sobre um suposto diretório alemão, que teria como missão restabelecer o domínio da Alemanha, não pela força das armas, mas da economia. Um dos passos fulcrais seria o da criação de uma moeda única que obrigasse os países a submeterem-se a uma ditadura orçamental imposta desde Berlim. O outro, descapitalizar os Estados periféricos, provocar o seu endividamento, atacando-os, depois, pela asfixia dos juros da dívida, de forma a passar a controlar, por preços de saldo, empresas estatais estratégicas, através de privatizações forçadas. Para isso, o diretório faria eleger governos dóceis em toda a Europa, munindo-se de políticos-fantoche em cargos decisivos em Bruxelas - presidência da Comissão e, finalmente, presidência da União Europeia. 
Adam Lebor não é português - nem a narração da sua trama se desenvolve cá. Mas os pontos de contacto com a realidade, tão eloquentemente avivada pelas declarações de Merkel, são irresistíveis. Aliás, "não é muito inteligente imaginar que numa casa tão apinhada como a Europa, uma comunidade de povos seja capaz de manter diferentes sistemas legais e diferentes conceitos legais durante muito tempo." Quem disse isto foi Adolf Hitler. A pax germânica seria o destino de "um continente em paz, livre das suas barreiras e obstáculos, onde a história e a geografia se encontram, finalmente, reconciliadas" - palavras de Giscard d'Estaing, redator do projeto de Constituição europeia. 
É um facto que a Europa aparenta estar em paz. Mas a guerra pode ter já recomeçado.


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Europa, 1938

Quando eu era muito, muito pequenino, um dos meus primeiros professores de História começou a primeira aula do ano lectivo a perguntar à barulhenta sala de aulas as razões pelas quais os alunos achavam que existia a disciplina de História. Desconcertados, os jovens estudantes calaram-se, pensaram um pouco e sugeriram várias hipóteses, todas rejeitadas pelo dito professor. A resposta era, afinal, só uma: "para aprendermos com os nossos erros". A turma estranhou, encolheu os ombros e 10 segundos depois reiniciou-se a algazarra. Ninguém ligou nada ao assunto e o próprio nome do professor perdeu-se nas areias do tempo.
Vinte e quatro anos mais tarde, um dos alunos presentes nessa sala (o que tem um blog) lembrou-se dessa frase quando recebeu as notícias da vergonhosa cimeira europeia, perdão, franco-alemã, desta semana. E ficou a pensar que, pelo menos em Inglaterra, a possibilidade de reencarnação de Lord Chamberlain é algo de pouco provável. Já a de Pétain está aí e recomenda-se, na melhor tradição servilista centro-europeia.
Acima de tudo, é difícil entender como foi possível a implementação e dominância do pensamento moralista alemão (o francês é simplesmente a versão oportunista e espelhada deste) junto de 24 outros países, 22 dos quais democracias em pleno funcionamento (obviamente que Grécia e Itália são as Checoslováquias, perdão, excepções à regra). Merkel e Sarkozy simplesmente convenceram 22 chefes de estado a trocarem as suas regras por nada.
Hoje custa a perceber como foi possível a cimeira de Munique e por isso nada como recordar o célebre discurso de Neville Chamberlain proferido a 30 de Setembro de 1938, em que este ao regressar ao Reino Unido anunciava ter celebrado com Adolf Hitler um acordo para que ambos os países não mais voltassem a entrar em guerra. Este acordo, acreditava Chamberlain, seria suficiente para assegurar "peace in our time". No dia seguinte os alemães invadiram a região dos Sudetas, na Checoslováquia.


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quinta-feira, dezembro 08, 2011

O Prof. Pedro Pita Barros escreveu este texto nos seus Momentos Económicos:


Há dias, em conversa com um dos meus colegas que mais tem olhado para a situação macroeconómica portuguesa, Francesco Franco, e que tem contribuído para a discussão através do blog The Portuguese Economy, chamou-me a atenção para um artigo de Guido Tabellini, um dos economistas italianos mais importantes, em que refere o seguinte:
“At the time of writing, last week’s auction of German government bonds remains unsold. This is the latest confirmation of what is now widespread distrust. Yet, paradoxically, this could also help to unblock the situation, for two reasons:
  1. First, it has made clear to everyone that, despite its rhetoric, theBundesbank actually continues to act as lender of last resort, at least temporarily, to the German state. The securities that remained unsold at the auction were absorbed by the Bundesbank, which has always played this role to ensure the liquidity of German securities.
  2. Second, this event could bring forward the point where even the ECB is convinced that financial stability comes before price stability. If the German central bank is forced to keep unsold debt on the balance sheet of its state, it means that it is time for a change in monetary policy. Not only cutting interest rates more decisively, but facilitating the purchase of government bonds in a policy of quantitative easing similar to that adopted long ago by the US Federal Reserve to support the economy and provide liquidity.”
o artigo completo pode ser lido aqui.
Não devemos menosprezar a importância do que aqui está dito:
1. A Alemanha já tem um mecanismo que cumpre o papel que a própria Alemanha não quer dar a potenciais instrumentos para toda a zona euro – “lender of last resort” – seja através do BCE ou de outra forma.
2. Se a Alemanha tem este mecanismo, nada impede que os outros países o possam simplesmente replicar, e assim toda a zona euro poderá beneficiar de uma das medidas apontadas como sendo necessárias – um “lender of last resort” que actua através do banco central de cada país absorvendo a dívida que não for colocada à taxa de juro pretendida.
3. Não deixa de ser surpresa como esta característica tem passado despercebida na discussão europeia, revelando falta de análise técnica e excesso de preocupação política. Pelos vistos, as soluções até já estavam a ser usadas desde há algum tempo pelo banco central alemão. O que tem impedido os outros países de copiar, simplesmente copiar, o esquema alemão?
4. A existência deste mecanismo alemão (é bom repetir que é alemão) mostra, por preferência revelada, a importância da estabilidade financeira, e será que a Alemanha quer pedir ao ECB e aos outros bancos centrais que tenham um comportamento diferente do que ela própria adopta na condução da sua política macroeconómica.
Não sendo especialista de Macroeconomia, pode-me estar a falhar aqui algum aspecto essencial, e por isso seria interessante que este ponto levantado por Tabellini merecesse atenção e discussão, por académicos, mas também por quem tem a condução da política económica em Portugal.
(post gémeo com No Reino da Dinamarca)
Eu comentei assim:

Será que por exemplo o BdP teria liquidez para poder ser “lender of last resort”?
No fundo, a questão é que o Banco Central Alemão provavelmente consegue ir ao mercado com taxas de juro de 1% (ou algo do género) ou então tem reservas de uma dimensão incomparável com as dos outros países… e aí é fácil ser “lender of last resort”
A questão principal, sobre a qual escrevi pela primeira vez em Novembro de 2010 (quando os juros portugueses atingiram uns na altura impensáveis 6,3% ), é o que é referido na parte final do texto: este mesmo problema já aconteceu aos EUA há algum tempo (e mesmo antes da crise o Fed – ainda na governação de Greenspan – inteligentemente teve capacidade de o prevenir) e na Europa decidimos não imitar uma solução que provou resultar. Porquê? Simplesmente porque na Europa não há qualquer sentimento de solidariedade entre países e o Euro não é a moeda dos 17, mas sim uma moeda franco-alemã que estes países decidiram partilhar com 15 trouxas para ganhar escala face ao dólar.
Ou seja, para que o problema do Euro se resolva (e a solução é óbvia – emissão de moeda e garantia ilimitada do BCE sobre as dívidas públicas da zona Euro) é necessário que os únicos verdadeiros membros da zona Euro (leia-se, França e Alemanha) tenham problemas. O que, felizmente, já está a começar a acontecer.
Bottom line, esta ainda não parece ser uma questão técnica do ponto de vista macroeconómico, mas apenas um problema político que resulta duma retorcida interpretação geoestratégica do eixo Paris-Berlim, que a determinada altura precisou de uma ferramenta para de alguma forma condicionar Washington, Londres, Moscovo e Pequim. Essa ferramenta chama-se Euro e um dia destes vai acabar. Como moeda ou como ferramenta, é o que falta perceber.

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segunda-feira, dezembro 05, 2011

Se todos comermos alho já ninguém cheira a alho

Ao confundir capital com liquidez, António José Seguro protagonizou um dos mais constrangedores momentos políticos dos últimos dias. Infelizmente a maioria dos jornalistas que escrevem na imprensa portuguesa (mesmo na especializada em Economia!) está a dormir ou partilha da mesma iliteracia.


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