sexta-feira, abril 29, 2005
Já só falta um jogo para a final
segunda-feira, abril 25, 2005
Se se diz "Bento Dezasseis", porque é que não se dizia "João Paulo Dois"? A partir de que número é que se passa da numeração ordinal para a cardinal?
domingo, abril 24, 2005
Já que o Sporting parece apostado em não ser campeão, cá fica:
- Briooooooooooooooooooooooooooooooosa!
- Briooooooooooooooooooooooooooooooosa!
Aqui fica o texto da minha crónica de hoje no programa "Feira da Ladra" na Rádio Voz da Ria:
Na véspera do 25 de Abril o tema da liberdade, da revolução e das convicções políticas é provavelmente o mais óbvio e sobretudo o mais inevitável.
Eu nasci em 1975, ou seja, no ano seguinte à revolução e já depois do célebre "verão quente de 75". O que quer dizer que cresci e vivi sempre em liberdade e numa época em que não existiram conflitos significativos em Portugal. Vivi sempre num tempo de democracia tranquila, embora com a memória da revolução e do regime que a antecedeu bem presente.
Pertenço a uma geração que olha para Abril e para a ditadura como partes da história que não se aprenderam apenas nos livros, mas principalmente a partir de conversas que ao longo de toda a vida tivemos com familiares, amigos e conhecidos. Muito provavelmente, todos temos uma visão distorcida do que verdadeiramente se passou há 31 anos, pois em relação a este tema, e por maior que seja o esforço em contrário, a verdade é que ninguém pode dizer que seja isento. Pela simples razão de que não existem pessoas completamente assépticas e sem sentimentos ou simpatias, e também porque todos os que viveram a história na primeira pessoa têm, antes de tudo o mais, uma visão essencialmente pessoal dos acontecimentos. É a própria natureza humana que faz com que as coisas assim sejam. É provavelmente ainda demasiado cedo para alguém poder contar verdadeiramente a história de Abril e não será ainda esta geração que recebeu a história em segunda mão, e à qual eu claramente pertenço, que terá o distanciamento e clarividência suficientes para avaliar com independência o que aconteceu em Abril de 74.
O conceito duma revolução em que o povo sai para a rua e faz cair pacificamente um regime, com as armas enfeitadas com cravos e não com balas é profundamente romântico e a sua importância vai muito além do simples e tecnocrático rigor histórico.
Abril para mim é muito mais um estado de espírito que propriamente uma data histórica. O 25 de Abril significa uma momento para começar de novo, para reconstruir a sociedade, para tentar melhorar o mundo, para romper barreiras. Enfim, é fundamentalmente uma oportunidade para sonhar e acreditar. É uma das datas mais positivistas que temos no nosso calendário e serve para todas as ideologias democráticas. Todos os que se movem por convicções genuínas têm em Abril uma referência obrigatória. Porque no dia 25 de Abril de 1974 as pessoas começaram a acreditar que tudo era possível.
O 25 de Abril é de todos e é principalmente uma data em que a tolerância e a convivência democrática deveriam ser valorizadas. Porque foi precisamente contra a ausência destes valores que se ergueu a revolução, independentemente do que possa ter acontecido depois.
É por isto que de vez em quando me irrito com a relação que alguns partidos e personalidades políticas têm com o 25 de Abril. Alguns sectores da esquerda consideram-se donos da revolução e algumas pessoas da direita tentam subverter ou condicionar o espírito de Abril. Foi assim há um ano com Nuno Morais Sarmento, que protagonizou o célebre episódio do "Abril é evolução" e é quase sempre assim quando políticos e partidos de esquerda se sentem desesperados. Ainda hoje acredito que Santana Lopes ganhou a Câmara de Lisboa a João Soares principalmente devido à forma bacoca como este decidiu orientar a sua campanha em torno dos valores do 25 de Abril, apresentando Santana como um símbolo do antigo regime.
Talvez para a geração dos que viveram sempre em liberdade seja mais fácil perceber a evolução da sociedade do pós-Abril. Em Portugal passámos dum período, no fim da década de 70 e início dos anos 80, em que os partidos mais à direita se intitulavam "centristas", para o que temos hoje, em que os partidos se distribuem de uma forma mais homogénea pelo espectro ideológico. Esta evolução da sociedade não tem nada a ver com o que aconteceu no 25 de Abril. Abril foi revolução. A evolução veio a seguir.
Em Abril gosto de recordar alguns episódios para os quais hoje olho com um sorriso nos lábios, mas que me marcaram e de certa forma representam o modo como os conceitos e ideologias evoluíram no nosso país.
Para mim, tudo começou em 1975. Nasci numa família esquerdista e que não gostava do antigo regime. Lembro-me de ser muito pequeno e ver o mundo a preto e branco: havia os bons (que eram os comunistas e, moderadamente, os outros partidos de esquerda) e os maus, mais concretamente todos os partidos à direita do lado esquerdo do PS. Álvaro Cunhal era para mim um velhinho simpático e bondoso, Mário Soares um vendido à direita e Sá Carneiro a personificação do mal. Freitas do Amaral era encarado apenas um lacaio daquele a quem eu chamava "o carneirão". Também gostava de Ramalho Eanes, pois achava-o um homem sério e que estava sempre a tramar o PPD. Lembro-me de um dia em que, tinha eu cerca de 5 anos, fugi da loja dos meus avós maternos e andei pelas ruas de Canelas a recolher panfletos de propaganda da AD. Juntei uma quantidade enorme e rasguei-os em mil pedacinhos, um a um, até os pedaços ficarem tão pequeninos que era quase impossível voltar a rasgá-los. Quando os meus pais chegaram a casa e viram a montanha de papéis que eu tinha acabado de produzir ralharam-me severamente, explicaram-me que destruir propaganda eleitoral era crime e proibiram-me de voltar a cometer tal acto. Senti-me injustiçado e achei-os uns frouxos. A cara rasgada de Sá Carneiro era para mim um símbolo de triunfalismo. Sinceramente, nesse dia (e apesar do castigo) senti-me um herói.
Também me recordo do dia em que morreu Sá Carneiro e sobretudo do seu funeral. Foi muito provavelmente o momento do meu primeiro choque com o outro lado da realidade. A RTP transmitiu o funeral em directo e eu fiquei profundamente impressionado quer com a multidão presente, quer com os slogans laudatórios gritados quase em uníssono. Ainda hoje me lembro de ouvir ecoar a frase mil vezes repetida "Carneiro, amigo, o povo está contigo", que na altura me deixou absolutamente surpreendido. Lembro-me perfeitamente de ter perguntado aos meus pais: se Sá Carneiro era tão mau como eles me diziam, como é que havia tanta gente a gostar dele? Sinceramente já não sei qual foi a resposta que me deram.
Estávamos nos primeiros anos da democracia e numa sociedade muito mais politizada que a actual. Não havia governos que durassem até ao fim das legislaturas, mas apesar de tudo tenho a sensação que Portugal vivia ainda a fase do sonho. Mesmo perante as sucessivas rasteiras e contra-rasteiras que caracterizavam o combate político na altura, penso que apesar de tudo as pessoas ainda acreditavam que era possível mudar o mundo e sobretudo tinham muito mais respeito pelos políticos do que aquele que existe actualmente.
Hoje em dia, a partir do que li e sobretudo do que ouvi em conversas com várias pessoas, tenho uma opinião completamente diferente sobre Sá Carneiro, que considero ter sido um democrata e principalmente um homem com uma enorme visão política. Continuo a não gostar de Mário Soares e Álvaro Cunhal e Ramalho Eanes pertencem ao rol de personalidades pelas quais tenho algum respeito, mas não qualquer reverência ideológica.
As pessoas mudam, os conceitos mudam e a sociedade evolui. Mas o 25 de Abril está lá, estático, em 1974. Para nos recordar que, se um dia voltar a ser preciso, já sabemos que a revolução é possível.
Na véspera do 25 de Abril o tema da liberdade, da revolução e das convicções políticas é provavelmente o mais óbvio e sobretudo o mais inevitável.
Eu nasci em 1975, ou seja, no ano seguinte à revolução e já depois do célebre "verão quente de 75". O que quer dizer que cresci e vivi sempre em liberdade e numa época em que não existiram conflitos significativos em Portugal. Vivi sempre num tempo de democracia tranquila, embora com a memória da revolução e do regime que a antecedeu bem presente.
Pertenço a uma geração que olha para Abril e para a ditadura como partes da história que não se aprenderam apenas nos livros, mas principalmente a partir de conversas que ao longo de toda a vida tivemos com familiares, amigos e conhecidos. Muito provavelmente, todos temos uma visão distorcida do que verdadeiramente se passou há 31 anos, pois em relação a este tema, e por maior que seja o esforço em contrário, a verdade é que ninguém pode dizer que seja isento. Pela simples razão de que não existem pessoas completamente assépticas e sem sentimentos ou simpatias, e também porque todos os que viveram a história na primeira pessoa têm, antes de tudo o mais, uma visão essencialmente pessoal dos acontecimentos. É a própria natureza humana que faz com que as coisas assim sejam. É provavelmente ainda demasiado cedo para alguém poder contar verdadeiramente a história de Abril e não será ainda esta geração que recebeu a história em segunda mão, e à qual eu claramente pertenço, que terá o distanciamento e clarividência suficientes para avaliar com independência o que aconteceu em Abril de 74.
O conceito duma revolução em que o povo sai para a rua e faz cair pacificamente um regime, com as armas enfeitadas com cravos e não com balas é profundamente romântico e a sua importância vai muito além do simples e tecnocrático rigor histórico.
Abril para mim é muito mais um estado de espírito que propriamente uma data histórica. O 25 de Abril significa uma momento para começar de novo, para reconstruir a sociedade, para tentar melhorar o mundo, para romper barreiras. Enfim, é fundamentalmente uma oportunidade para sonhar e acreditar. É uma das datas mais positivistas que temos no nosso calendário e serve para todas as ideologias democráticas. Todos os que se movem por convicções genuínas têm em Abril uma referência obrigatória. Porque no dia 25 de Abril de 1974 as pessoas começaram a acreditar que tudo era possível.
O 25 de Abril é de todos e é principalmente uma data em que a tolerância e a convivência democrática deveriam ser valorizadas. Porque foi precisamente contra a ausência destes valores que se ergueu a revolução, independentemente do que possa ter acontecido depois.
É por isto que de vez em quando me irrito com a relação que alguns partidos e personalidades políticas têm com o 25 de Abril. Alguns sectores da esquerda consideram-se donos da revolução e algumas pessoas da direita tentam subverter ou condicionar o espírito de Abril. Foi assim há um ano com Nuno Morais Sarmento, que protagonizou o célebre episódio do "Abril é evolução" e é quase sempre assim quando políticos e partidos de esquerda se sentem desesperados. Ainda hoje acredito que Santana Lopes ganhou a Câmara de Lisboa a João Soares principalmente devido à forma bacoca como este decidiu orientar a sua campanha em torno dos valores do 25 de Abril, apresentando Santana como um símbolo do antigo regime.
Talvez para a geração dos que viveram sempre em liberdade seja mais fácil perceber a evolução da sociedade do pós-Abril. Em Portugal passámos dum período, no fim da década de 70 e início dos anos 80, em que os partidos mais à direita se intitulavam "centristas", para o que temos hoje, em que os partidos se distribuem de uma forma mais homogénea pelo espectro ideológico. Esta evolução da sociedade não tem nada a ver com o que aconteceu no 25 de Abril. Abril foi revolução. A evolução veio a seguir.
Em Abril gosto de recordar alguns episódios para os quais hoje olho com um sorriso nos lábios, mas que me marcaram e de certa forma representam o modo como os conceitos e ideologias evoluíram no nosso país.
Para mim, tudo começou em 1975. Nasci numa família esquerdista e que não gostava do antigo regime. Lembro-me de ser muito pequeno e ver o mundo a preto e branco: havia os bons (que eram os comunistas e, moderadamente, os outros partidos de esquerda) e os maus, mais concretamente todos os partidos à direita do lado esquerdo do PS. Álvaro Cunhal era para mim um velhinho simpático e bondoso, Mário Soares um vendido à direita e Sá Carneiro a personificação do mal. Freitas do Amaral era encarado apenas um lacaio daquele a quem eu chamava "o carneirão". Também gostava de Ramalho Eanes, pois achava-o um homem sério e que estava sempre a tramar o PPD. Lembro-me de um dia em que, tinha eu cerca de 5 anos, fugi da loja dos meus avós maternos e andei pelas ruas de Canelas a recolher panfletos de propaganda da AD. Juntei uma quantidade enorme e rasguei-os em mil pedacinhos, um a um, até os pedaços ficarem tão pequeninos que era quase impossível voltar a rasgá-los. Quando os meus pais chegaram a casa e viram a montanha de papéis que eu tinha acabado de produzir ralharam-me severamente, explicaram-me que destruir propaganda eleitoral era crime e proibiram-me de voltar a cometer tal acto. Senti-me injustiçado e achei-os uns frouxos. A cara rasgada de Sá Carneiro era para mim um símbolo de triunfalismo. Sinceramente, nesse dia (e apesar do castigo) senti-me um herói.
Também me recordo do dia em que morreu Sá Carneiro e sobretudo do seu funeral. Foi muito provavelmente o momento do meu primeiro choque com o outro lado da realidade. A RTP transmitiu o funeral em directo e eu fiquei profundamente impressionado quer com a multidão presente, quer com os slogans laudatórios gritados quase em uníssono. Ainda hoje me lembro de ouvir ecoar a frase mil vezes repetida "Carneiro, amigo, o povo está contigo", que na altura me deixou absolutamente surpreendido. Lembro-me perfeitamente de ter perguntado aos meus pais: se Sá Carneiro era tão mau como eles me diziam, como é que havia tanta gente a gostar dele? Sinceramente já não sei qual foi a resposta que me deram.
Estávamos nos primeiros anos da democracia e numa sociedade muito mais politizada que a actual. Não havia governos que durassem até ao fim das legislaturas, mas apesar de tudo tenho a sensação que Portugal vivia ainda a fase do sonho. Mesmo perante as sucessivas rasteiras e contra-rasteiras que caracterizavam o combate político na altura, penso que apesar de tudo as pessoas ainda acreditavam que era possível mudar o mundo e sobretudo tinham muito mais respeito pelos políticos do que aquele que existe actualmente.
Hoje em dia, a partir do que li e sobretudo do que ouvi em conversas com várias pessoas, tenho uma opinião completamente diferente sobre Sá Carneiro, que considero ter sido um democrata e principalmente um homem com uma enorme visão política. Continuo a não gostar de Mário Soares e Álvaro Cunhal e Ramalho Eanes pertencem ao rol de personalidades pelas quais tenho algum respeito, mas não qualquer reverência ideológica.
As pessoas mudam, os conceitos mudam e a sociedade evolui. Mas o 25 de Abril está lá, estático, em 1974. Para nos recordar que, se um dia voltar a ser preciso, já sabemos que a revolução é possível.
sexta-feira, abril 22, 2005
quinta-feira, abril 21, 2005
A desonestidade intelectual com que o PS tratou mais uma vez a questão do aborto é que é a principal responsável pelos problemas causados pela actual lei. A CDU tem toda a razão: não é admissível que um partido que tem maioria absoluta não tenha a coragem de legislar directamente sobre esta matéria. Com a questão posta desta forma (referendo até às 10 semanas, lei até às 16...) é inevitável que o "não" volte a ganhar e a lei ficará mais alguns anos na mesma. Mesmo quando há um consenso generalizado (até em alguns sectores do CDS!) sobre a necessidade de não levar as mulheres a julgamento... Que a consciência pese a todos os que apresentaram e aprovaram esta proposta.
É disto que o meu povo gosta
Hoje vai ser discutida na AR a lei que permite a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias. No mesmo dia, por desinteressada coincidência, um jornal divulga que a autoridade para a concorrência (a mesma que permite a concertação de preços das gasolineiras e os monopólios da PT e da EDP...) vai propor a "liberalização da propriedade das farmácias", o que a ser feito sem a liberalização da instalação iria ter como consequência apenas um aumento exponencial dos já de si elevados preços das farmácias que já existem... Por outro lado, a SIC passou toda a manhã noticiosa a dizer que é hoje que "a AR vai discutir a venda de genéricos (sic...) fora das farmácias".
A incompetência técnica e o profundo desconhecimento dos que se têm pronunciado sobre este assunto vem na exacta medida da irracionalidade do ódio que têm às farmácias e aos farmacêuticos em geral. É aliás curioso que a parte do sistema nacional de saúde que melhor funciona em Portugal (e uma das poucas áreas em que somos dos países europeus com serviços de melhor qualidade...) seja alvo de tantos ataques e polémicas. Esta mentalidade do "tens que ir ao fundo connosco" é claramente o principal problema do nosso país. Em todos os sectores.
Hoje vai ser discutida na AR a lei que permite a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias. No mesmo dia, por desinteressada coincidência, um jornal divulga que a autoridade para a concorrência (a mesma que permite a concertação de preços das gasolineiras e os monopólios da PT e da EDP...) vai propor a "liberalização da propriedade das farmácias", o que a ser feito sem a liberalização da instalação iria ter como consequência apenas um aumento exponencial dos já de si elevados preços das farmácias que já existem... Por outro lado, a SIC passou toda a manhã noticiosa a dizer que é hoje que "a AR vai discutir a venda de genéricos (sic...) fora das farmácias".
A incompetência técnica e o profundo desconhecimento dos que se têm pronunciado sobre este assunto vem na exacta medida da irracionalidade do ódio que têm às farmácias e aos farmacêuticos em geral. É aliás curioso que a parte do sistema nacional de saúde que melhor funciona em Portugal (e uma das poucas áreas em que somos dos países europeus com serviços de melhor qualidade...) seja alvo de tantos ataques e polémicas. Esta mentalidade do "tens que ir ao fundo connosco" é claramente o principal problema do nosso país. Em todos os sectores.
Os cardeais que Ratzinger escolheu para o colégio cardinalício cumpriram as normas de boas maneiras e elegeram... quem era suposto que elegessem.
terça-feira, abril 19, 2005
Quando tomou posse, Sócrates anunciou duas medidas: um rebuçado populista (medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias) e uma data para o referendo à constituição europeia (no dia das autárquicas). Ora, é exactamente por isto que a constituição europeia nunca entrará em vigor: em toda a Europa e em relação a todos os referendos, os políticos do "sistema" cometeram sempre o mesmo erro - consideraram que o seu prestígio popular seria por si só suficiente para fazer aprovar o "sim" (não só no caso da constituição, mas também nos do euro e de Maastricht que existiram em alguns países) e tentaram a todo o custo esvaziar os debates e dramatizar entre o "sim" e o caos. Porque sempre que o debate é aprofundado o "não" vence. E é nisto que Sócrates aposta: depois de ver que em França uma intensa discussão parece levar à vitória dos opositores da constituição, o nosso PM está sinceramente convencido que a associação deste referendo à realização das autárquicas fará com que o povo corra atrás dos seus eleitos locais (que em 80 ou 90% dos casos serão do PS ou do PSD e portanto tendencialmente favoráveis ao "sim") e assim matam-se vários coelhos com uma cajadada só:
- Não haverá uma perigosa discussão aprofundada da questão europeia;
- A "onda de apoio" que vários dos autarcas vão criar em torno das suas candidaturas conquistará muito mais votos para o "sim" que para o "não";
- O governo será menos penalizado se o "não" ganhar;
- Uma eventual vitória do "não" será sempre disfarçada pela conquista de duas ou três câmaras emblemáticas.
No entanto, estou sinceramente convencido que esta táctica não vai resultar. Até porque o "não" ganhou os dois únicos referendos que até hoje existiram em Portugal (regionalização e aborto), para além do facto dos eleitores não gostarem que os políticos lhes imponham soluções à força (lembram-se do que é que aconteceu a um senhor que costuma aparecer nas TVs e nas festas e que um dia se tornou primeiro-ministro sem ir a eleições?).
Por tudo isto, só há uma forma da constituição europeia poder um dia ser aprovada em Portugal: a forma decente, com um debate feito de um modo sério, honesto e equilibrado. É que o "não" é um voto muito mais seguro e menos aventureiro que o "sim".
- Não haverá uma perigosa discussão aprofundada da questão europeia;
- A "onda de apoio" que vários dos autarcas vão criar em torno das suas candidaturas conquistará muito mais votos para o "sim" que para o "não";
- O governo será menos penalizado se o "não" ganhar;
- Uma eventual vitória do "não" será sempre disfarçada pela conquista de duas ou três câmaras emblemáticas.
No entanto, estou sinceramente convencido que esta táctica não vai resultar. Até porque o "não" ganhou os dois únicos referendos que até hoje existiram em Portugal (regionalização e aborto), para além do facto dos eleitores não gostarem que os políticos lhes imponham soluções à força (lembram-se do que é que aconteceu a um senhor que costuma aparecer nas TVs e nas festas e que um dia se tornou primeiro-ministro sem ir a eleições?).
Por tudo isto, só há uma forma da constituição europeia poder um dia ser aprovada em Portugal: a forma decente, com um debate feito de um modo sério, honesto e equilibrado. É que o "não" é um voto muito mais seguro e menos aventureiro que o "sim".
segunda-feira, abril 18, 2005
Falta cerca de um mês e meio para tudo isto ser verdade e passarmos a ser definitivamente
O País Mais Importante do Mundo
Aqui fica a lista:
- Presidente da Comissão Europeia: Durão Barroso;
- Papa: D. José Policarpo;
- Alto Comissário da ONU para os refugiados: António Guterres;
- Treinador bi-vencedor da Liga dos Campeões: José Mourinho;
- Treinador campeão de Inglaterra: José Mourinho;
- Vencedor da Taça Uefa: Sporting Club de Portugal;
- Campeão de Itália: Milan AC, onde joga Rui Costa;
- Campeão de Espanha: Real Madrid, onde joga Luís Figo ou Barcelona, onde joga Deco;
- Melhor jogador do campeonato francês: Pauleta.
Embora nem tudo tenha a mesma importância e/ou probabilidade de acontecer, a verdade é que também nada disto é completamente impossível...
O País Mais Importante do Mundo
Aqui fica a lista:
- Presidente da Comissão Europeia: Durão Barroso;
- Papa: D. José Policarpo;
- Alto Comissário da ONU para os refugiados: António Guterres;
- Treinador bi-vencedor da Liga dos Campeões: José Mourinho;
- Treinador campeão de Inglaterra: José Mourinho;
- Vencedor da Taça Uefa: Sporting Club de Portugal;
- Campeão de Itália: Milan AC, onde joga Rui Costa;
- Campeão de Espanha: Real Madrid, onde joga Luís Figo ou Barcelona, onde joga Deco;
- Melhor jogador do campeonato francês: Pauleta.
Embora nem tudo tenha a mesma importância e/ou probabilidade de acontecer, a verdade é que também nada disto é completamente impossível...
Só hoje li o bilioso artigo que o bloquista e ex(?)-renovador comunista Rui Lima Jorge escreveu no Jornal da Ria. O texto divide-se em duas partes: a primeira, em que se diz que o PS de Estarreja não soube fazer oposição ao PSD e não tem ideias para o futuro do concelho e a segunda, em que se afirma que o PS perderá as eleições autárquicas em Estarreja porque não vai concorrer coligado com o BE e a CDU. Ou seja, o que Rui Lima Jorge verdadeiramente fez foi uma birra pública por ninguém lhe ter ligado nada, apesar da autoridade que a votação do BE nas legislativas supostamente lhe confere. Aliás, não deixa de ser insólito que quem tão mal fala do PS estivesse disposto a concorrer a seu lado numa eventual coligação. Como também é original esta postura de poder pelo poder vinda da parte dum partido trotskista e revolucionário como o BE.
Penso que é esta a ocasião de recordar alguns factos a Rui Lima Jorge:
- O PS em Estarreja já ganhou por duas vezes as eleições autárquicas concorrendo sozinho;
- Nas últimas autárquicas o PS, embora perdendo, teve a sua maior votação de sempre em termos percentuais;
- Nas últimas autárquicas a soma dos votos do PS e da CDU também teria sido suficiente para ganhar à coligação PSD/CDS;
- Os resultados das eleições nacionais são sempre bastante diferentes dos das eleições locais em Estarreja;
- Não me parece que Pedro Santana Lopes vá concorrer às próximas eleições autárquicas em Estarreja e a sua existência fez o PSD perder muito mais que os 300 votos de que fala no seu artigo. Ou seja, o pressuposto aritmético em que parece basear a sua proposta de coligação está errado;
- O BE não tem qualquer secção em Estarreja. Não sei se foi a dificuldade em constituir uma lista que fez com que Lima Jorge tivesse esta surpreendente ideia de coligação, mas a verdade é que não faz qualquer sentido que um partido que não existe e que, talvez precisamente por isso, nunca produziu uma única ideia política a nível local, venha agora tentar garantir a sua existência à custa de um grupo organizado e com provas dadas como é o do PS.
Por tudo isto, penso que o texto de Rui Lima Jorge acaba por ser uma interessante manifestação de força da candidatura de Teixeira da Silva. Se assim não fosse, certamente que não haveria gente com tanta pena de estar fora do barco...
Penso que é esta a ocasião de recordar alguns factos a Rui Lima Jorge:
- O PS em Estarreja já ganhou por duas vezes as eleições autárquicas concorrendo sozinho;
- Nas últimas autárquicas o PS, embora perdendo, teve a sua maior votação de sempre em termos percentuais;
- Nas últimas autárquicas a soma dos votos do PS e da CDU também teria sido suficiente para ganhar à coligação PSD/CDS;
- Os resultados das eleições nacionais são sempre bastante diferentes dos das eleições locais em Estarreja;
- Não me parece que Pedro Santana Lopes vá concorrer às próximas eleições autárquicas em Estarreja e a sua existência fez o PSD perder muito mais que os 300 votos de que fala no seu artigo. Ou seja, o pressuposto aritmético em que parece basear a sua proposta de coligação está errado;
- O BE não tem qualquer secção em Estarreja. Não sei se foi a dificuldade em constituir uma lista que fez com que Lima Jorge tivesse esta surpreendente ideia de coligação, mas a verdade é que não faz qualquer sentido que um partido que não existe e que, talvez precisamente por isso, nunca produziu uma única ideia política a nível local, venha agora tentar garantir a sua existência à custa de um grupo organizado e com provas dadas como é o do PS.
Por tudo isto, penso que o texto de Rui Lima Jorge acaba por ser uma interessante manifestação de força da candidatura de Teixeira da Silva. Se assim não fosse, certamente que não haveria gente com tanta pena de estar fora do barco...
sexta-feira, abril 15, 2005
Embora com pouco tempo, há coisas que não se podem deixar de escrever. Por isso, aqui vai:
Spooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooorting!
PS - concordo com aquilo que este estranho indivíduo um dia escreveu: José Peseiro deveria ser imediatamente despedido. Não se admite que uma equipa daquelas não vá à frente do campeonato com 20 pontos de avanço. E também não se admite que ainda ninguém tenha feito uma lobotomia ao Anderson Polga.
Spooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooorting!
PS - concordo com aquilo que este estranho indivíduo um dia escreveu: José Peseiro deveria ser imediatamente despedido. Não se admite que uma equipa daquelas não vá à frente do campeonato com 20 pontos de avanço. E também não se admite que ainda ninguém tenha feito uma lobotomia ao Anderson Polga.
quarta-feira, abril 13, 2005
A realidade é o que os homens quiserem (mas só alguns homens é que têm querer)
A limitação dos mandatos políticos para um máximo de 12 anos é da mais elementar justiça e sensatez. Todos conhecemos exemplos concretos dos males causados pelo actual sistema clientelar em todos os níveis de representação política. É por isso que é absolutamente insólito e de uma desfaçatez única que quem propõe esta medida (os deputados) a considere justa para todos os cargos, excepto para o mandato... de deputado!!! Se um caso destes acontecesse no tempo de Santana estaríamos perante mais uma "trapalhada". Como é o protegido Sócrates que está em causa, tudo se tolera. A óbvia gestão eleitoralista (vêm aí autárquicas, presidenciais e o referendo da constituição europeia, pelo menos) da governação está a passar em branco e a letargia social em que nos encontramos se por um lado é a bonança depois da tempestade provocada pelos desvarios santanistas, não deixa de ser sintoma de uma sociedade com pouca capacidade de dosear o sentido crítico com que sempre se deve analisar o desempenho dos governos.
São casos como este (e não qualquer volúpia da crítica!) que me fizeram escrever o post de 28/3 e que me dão náuseas. O mais irónico disto tudo é que quando a imprensa considerar que os seus clientes (a sociedade em geral) já estão saturados da imagem do "político contido e decidido que faz uma brilhante gestão da informação", Sócrates será rapidamente substituído pelo "primeiro-ministro oco que comanda um governo sem ideias"! E então acabará este enjoativo "estado de graça", que certamente dará lugar a um estado de progressiva desgraça, provavelmente também exagerado e talhado à medida das necessidades das audiências...! E os blogues ladram e a caravana passa...
A limitação dos mandatos políticos para um máximo de 12 anos é da mais elementar justiça e sensatez. Todos conhecemos exemplos concretos dos males causados pelo actual sistema clientelar em todos os níveis de representação política. É por isso que é absolutamente insólito e de uma desfaçatez única que quem propõe esta medida (os deputados) a considere justa para todos os cargos, excepto para o mandato... de deputado!!! Se um caso destes acontecesse no tempo de Santana estaríamos perante mais uma "trapalhada". Como é o protegido Sócrates que está em causa, tudo se tolera. A óbvia gestão eleitoralista (vêm aí autárquicas, presidenciais e o referendo da constituição europeia, pelo menos) da governação está a passar em branco e a letargia social em que nos encontramos se por um lado é a bonança depois da tempestade provocada pelos desvarios santanistas, não deixa de ser sintoma de uma sociedade com pouca capacidade de dosear o sentido crítico com que sempre se deve analisar o desempenho dos governos.
São casos como este (e não qualquer volúpia da crítica!) que me fizeram escrever o post de 28/3 e que me dão náuseas. O mais irónico disto tudo é que quando a imprensa considerar que os seus clientes (a sociedade em geral) já estão saturados da imagem do "político contido e decidido que faz uma brilhante gestão da informação", Sócrates será rapidamente substituído pelo "primeiro-ministro oco que comanda um governo sem ideias"! E então acabará este enjoativo "estado de graça", que certamente dará lugar a um estado de progressiva desgraça, provavelmente também exagerado e talhado à medida das necessidades das audiências...! E os blogues ladram e a caravana passa...
sexta-feira, abril 08, 2005
Sim, eu sei. Esta é provavelmente uma das páginas menos activas da blogosfera. A fortíssima desinspiração literária que afecta o autor deste blogue, aliada a actividades profissionais e académicas especialmente activas nos últimos dias são as grandes responsáveis por esta paralisia publicadora... Por outro lado, embora a minha capacidade de indignação se mantenha intacta, não se pode dizer que os últimos tempos tenham sido especialmente férteis em matéria comentável. Deixo aqui algumas pequenas notas, só para não dizerem que deixei passar estes acontecimentos em claro:
- José Mourinho é definitivamente o treinador mais irritante do mundo para a elite do futebol mundial. A desfaçatez com que o Chelsea esmaga todos os adversários aliada à arrogância do seu treinador são do pior que se pode fazer ao establishment da UEFA... o absurdo penalty inventado aos 93 minutos da segunda parte não vai servir de nada ao Bayern a não ser para perder por poucos e o relatório do árbitro Frisk teve pelo menos um mérito: pôs os representantes da UEFA a darem desculpas esfarrapadas e a tentarem justificar o injustificável. Moral da história: Mourinho foi promovido a símbolo da luta de classes no futebol. Um homem que ganha cerca de 130 mil contos por mês é o representante oficial dos mais desvaforecidos...!
- A refinaria da Galp de Leça da Palmeira afinal sempre vai fechar daqui a 5 anos. Nas notícias que li e ouvi hoje nem sequer se falava da influência desta decisão (ou ideia?) no futuro do complexo químico de Estarreja... voltarei a este tema brevemente!
- Marques Mendes vai ser eleito líder do PSD. É a melhor escolha, sobretudo depois de Santana e em alternativa a Menezes. O que não quer dizer que seja uma boa solução...
- Carlos e Camilla casam-se amanhã. O casamento dá na TVI.
- José Mourinho é definitivamente o treinador mais irritante do mundo para a elite do futebol mundial. A desfaçatez com que o Chelsea esmaga todos os adversários aliada à arrogância do seu treinador são do pior que se pode fazer ao establishment da UEFA... o absurdo penalty inventado aos 93 minutos da segunda parte não vai servir de nada ao Bayern a não ser para perder por poucos e o relatório do árbitro Frisk teve pelo menos um mérito: pôs os representantes da UEFA a darem desculpas esfarrapadas e a tentarem justificar o injustificável. Moral da história: Mourinho foi promovido a símbolo da luta de classes no futebol. Um homem que ganha cerca de 130 mil contos por mês é o representante oficial dos mais desvaforecidos...!
- A refinaria da Galp de Leça da Palmeira afinal sempre vai fechar daqui a 5 anos. Nas notícias que li e ouvi hoje nem sequer se falava da influência desta decisão (ou ideia?) no futuro do complexo químico de Estarreja... voltarei a este tema brevemente!
- Marques Mendes vai ser eleito líder do PSD. É a melhor escolha, sobretudo depois de Santana e em alternativa a Menezes. O que não quer dizer que seja uma boa solução...
- Carlos e Camilla casam-se amanhã. O casamento dá na TVI.
sábado, abril 02, 2005
No sempre fleumático futebol britânico, dois jogadores do Newcastle (Kieron Dyer e Lee Bowyer) foram expulsos depois de se esmurrarem mutuamente a meio de um jogo! E depois o Mourinho é que é o azeiteiro...
O Estarreja Efervescente ultrapassou esta semana a simbólica barreira das 20.000 visitas registadas pelo SiteMeter, a que correspondem cerca de 38.500 page views (2,1 por visita).