quinta-feira, setembro 25, 2008
... e para quem não tiver os níveis de acuidade visual necessários para ler a imagem acima, cá fica o original do texto:
Na melhor nódoa cai o pano
Se analisarmos a actuação política dos últimos Ministros da Saúde em relação ao medicamento e às farmácias, verificamos que, já neste milénio, ocorreram os seguintes episódios: por duas vezes o preço dos medicamentos baixou 6%; as margens de lucro das farmácias foram reduzidas duas vezes, primeiro em 4,3% e depois em mais 4,7%; o preço de alguns medicamentos genéricos foi administrativamente baixado em escalões de 12%, 9% e 6% (segundo um complexo sistema progressivo relacionado com as respectivas quotas de mercado) e todos os genéricos viram o seu preço ser posteriormente diminuído em 30%; vários medicamentos passaram a ser vendidos fora das farmácias, por profissionais aos quais não era exigida qualquer qualificação especial (embora sob supervisão qualificada, mas não necessariamente por farmacêuticos); abriram centenas de novas farmácias; permitiu-se a propriedade de farmácias a não farmacêuticos; os concursos para atribuição de novas farmácias passaram a ser decididos por sorteio; passou a ser possível venderem-se medicamentos pela internet; não se implementou a prescrição por denominação comum internacional; manteve-se o contraditório conceito de “medicamento genérico de marca”; não se implementou a prescrição de medicamentos em unidose; não se completou a remodelação da legislação relativa a medicamentos manipulados; passou a ser legal vender medicamentos de uso veterinário fora das farmácias; o Plano Nacional de Saúde não faz qualquer referência aos serviços farmacêuticos; a reforma dos Cuidados de Saúde Primários não contempla os serviços farmacêuticos e o modo como estes se integram na arquitectura do SNS; foi assinado um protocolo entre o governo e uma associação de proprietários de farmácias que faz com que nestes estabelecimentos passe a ser possível a prestação de vários serviços não directamente ligados ao medicamento (como por exemplo a administração de injecções); na farmácia hospitalar são cada vez mais raros os farmacêuticos que actuam nos verdadeiros centros de decisão, sendo as suas funções desempenhadas por administradores hospitalares indiferenciados.
Estas medidas tão díspares na natureza e no tipo de legislação envolvida obedecem, no entanto, a uma matriz comum: há uma contínua e bastante consistente desconsideração da sociedade pelos serviços prestados pelos farmacêuticos. Para os diversos governos, o alvo foi sempre o mesmo na hora de cortar na despesa e mesmo as medidas mais óbvias e consensuais (como por exemplo a prescrição por denominação comum internacional) foram proteladas a favor de iniciativas legislativas que afectam mais directamente os farmacêuticos que outros profissionais. De facto, hoje é evidente que a sociedade em geral e os governos em particular têm sobre os serviços farmacêuticos uma opinião comum: são demasiado caros para o valor que proporcionam. E por isso devem ser o primeiro alvo de toda e qualquer iniciativa de restrição orçamental ou profissional.
Por outro lado, o governo continua a investir na formação de farmacêuticos: há cada vez mais licenciaturas em Ciências Farmacêuticas e cada uma delas tem cada vez mais alunos. Em Coimbra está mesmo a ser construída uma nova e bastante moderna Faculdade de Farmácia.
Ou seja, ao mesmo tempo que legisla de modo a que a intervenção farmacêutica e dos farmacêuticos no SNS seja cada vez menor, o Estado investe recursos públicos consideráveis na formação destes profissionais, o que é profundamente contraditório. Está pois na hora de se parar para pensar e enfrentar a realidade: a contratação de um indivíduo licenciado e altamente qualificado para o exercício de funções que podem ser desempenhadas por qualquer funcionário indiferenciado é um acto muito pouco custo-efectivo na perspectiva dos agentes económicos e perfeitamente irrelevante em termos do respectivo valor social e de Saúde Pública.
De facto, aos farmacêuticos deveria caber um papel de monitorização fármaco-terapêutica dos doentes, verificação de interacções medicamentosas, farmacovigilância, aconselhamento, participação em programas de saúde preventiva, promoção de terapêuticas medicamentosas custo-efectivas, lançamento de programas de cuidados farmacêuticos (como os que já existem para a asma e diabetes, por exemplo) e interligação com outros profissionais de saúde em termos de prestação de informação técnica especializada, acompanhamento de doentes, gestão do risco clínico, renovação de receituário e revisão de medicação. Falta ao SNS uma cultura de colaboração conjunta e interligação entre os vários profissionais de saúde. As dificuldades de comunicação existentes limitam os benefícios de algumas iniciativas e são altamente prejudiciais aos doentes, quer em termos de saúde, quer sob o ponto de vista económico. Actualmente as equipas clínicas que actuam no SNS acabam por funcionar numa lógica de acumulação sequencial de actos individuais e não num contexto de decisão integrada e multidisciplinar. A falta de comunicação entre profissionais conduziu a uma segmentação do conhecimento e da respectiva intervenção, que em nada beneficia o doente, não contribui para optimizar recursos e até é susceptível de originar erros de medicação.
O actual modelo farmacêutico português poderia ser melhorado e acredita-se que existe no SNS capacidade instalada para fazer muito mais e melhor.
Está, pois, na hora da sociedade dizer o que pretende dos farmacêuticos. E está também na hora de os farmacêuticos demonstrarem o que podem fazer pela sociedade.
Etiquetas: Farmácia
terça-feira, setembro 16, 2008
Para mim todos os dias começam da mesma forma: levanto-me, ponho a higine e os chichis em dia, tomo um bom pequeno almoço e a seguir ligo-me à net para uma indispensável e sempre útil leitura dos jornais de El Salvador.
Foi com enorme surpresa, orgulho e agrado que vi a entrada da foto da minha amiga Marisa Macedo num destes rituais matinais. Nem sequer quero saber o que ela lá disse - a escolha da sua foto para destaque no Diario de Hoy chega-me como medida da qualidade da sua intervenção.
Etiquetas: Política Internacional
quinta-feira, setembro 11, 2008
...tive uma filha, mudei de emprego, mudei três vezes de casa, concelho e distrito, comprei um carro, vendi um carro, fiz uma pós-graduação, fiz um mestrado, deixei de ser deputado municipal, fui eleito para os órgãos sociais de uma ordem profissional, fui à Austrália, vim da Austrália, disse mal do governo, disse bem do governo, trabalhei para o governo, inscrevi-me num ginásio, desinscrevi-me do ginásio, fui a Cuba, vim de Cuba, aderi à Sport TV, desisti da Sport TV, li e escrevi, escrevi, escrevi. Sim, escrevi aqui. Cada vez menos, mas, vá lá saber-se porquê, ainda continuo. Faz hoje precisamente 5 anos que comecei.
Etiquetas: Spellbound
quarta-feira, setembro 10, 2008
NOTA DE IMPRENSA
Marisa Macedo integra delegação da Assembleia da República
ao IV Fórum Parlamentar Ibero-Americano
Marisa Macedo, deputada do Partido Socialista na Assembleia da República, integra a delegação parlamentar portuguesa que participará no IV Fórum Parlamentar Ibero-Americano, que se realiza em El Salvador, nos próximos dias 11 e 12 de Setembro (Quinta e Sexta-feira).
A deputada estarrejense, que representa nessa jornada o Grupo Parlamentar do Partido Socialista, terá uma intervenção no grupo de trabalho que abordará o tema “Cultura Democrática: a Participação na Política e nos Parlamentos”, com especial atenção ao problema da participação política dos jovens.
A delegação do Parlamento português é constituída pelo Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, pelo Presidente da Delegação Portuguesa, o deputado do PS António Galamba e pelos representantes dos partidos com assento parlamentar: Marisa Macedo (PS), José Cesário (PSD), João Oliveira (CDU), Telmo Correia (CDS/PP) e João Semedo (BE).
O Fórum Parlamentar Ibero-Americano é o órgão de encontro e cooperação entre os parlamentos nacionais dos países que integram a Comunidade Ibero-Americana de Nações, sendo constituído por 22 países da América Latina e da Europa de língua espanhola e portuguesa.
Este Fórum, que reúne anualmente em assembleia de representantes, precede a Cimeira Ibero-Americana de Chefes de Estado que, em 2008, terá lugar, igualmente, em El Salvador.
Mais informações sobre o Fórum Parlamentar Ibero-Americano, aqui.
Etiquetas: Política Estarrejense, Política Internacional, Política Nacional
sexta-feira, setembro 05, 2008
- Com o exercício deste tipo de actividades não directamente ligadas à sua formação, os farmacêuticos despolarizam o exercício da sua actividade e entram em áreas que não dominam (é patético o curso de 20 horas promovido pela Ordem dos Farmacêuticos). Se hoje em dia é raro encontrarem-se farmácias e farmacêuticos que desempenhem bem a plenitude das suas funções (a culpa é do sistema - e digo-o sem ponta de ironia), à medida que se vão adquirindo novas tarefas será inevitável o caminho no sentido inverso ao da avaliação farmaco-terapêutica dos doentes, análise de interacções medicamentosas, promoção da adesão à terapêutica, farmacovigilância, aconselhamento, etc. Ou seja, a troco de meia dúzia de tostões (ganhos indirectamente em "afinidade pela Farmácia" e outros esotéricos conceitos de marketing) os farmacêuticos passam a ser uma entidade profissional nova, espécie de quimera nascida a meio caminho entre um farmacêutico, um enfermeiro, um analista clínico, um médico, um homeopata, um veterinário, um vendedor de produtos naturais, um bombeiro, um conselheiro de uma perfumaria e uma funcionária da Chicco. Não, não se ganha nada com este tipo de iniciativas. Aliás, antes pelo contrário - cada vez a sociedade reconhece menos as vantagens da intervenção farmacêutica no circuito do medicamento (vejam o que vos aconteceu às margens...)!
- Haveria sempre o argumento de que os farmacêuticos não deveriam olhar apenas para o seu próprio umbigo e que esta medida é boa para os utentes, que deste modo têm injecções "mais à mão" que nos centros de saúde. No entanto, também este argumento não colhe: por um lado porque este não é um problema especialmente relevante (pelo menos, não é uma prioridade do SNS) - não são frequentes as queixas de falta de disponibilidade dos enfermeiros para darem injecções e nesse aspecto a rede de Cuidados de Saúde Primários sempre funcionou bem. Além disso, seria sempre possível que as injecções passassem a ser dadas nas farmácias... mas por enfermeiros contratados para o efeito!
Enfim, esta é claramente uma boa época para deixar de ser farmacêutico comunitário. Dar injecções? Apre!
Etiquetas: Farmácia
O que ninguém poderá pagar ao Armando e sobretudo ao filho dele é o prejuízo causado por não ter tido a companhia do pai nos primeiros 3 meses que passou junto da nova família. E isso, obviamente, não tem preço.
Etiquetas: Coisas da Vida
A Autoridade da Concorrência (que aparentemente pouco quer saber dos comportamentos abusivos de empresas que actuam sozinhas no mercado) e a ASAE (ainda se a Lusitânia Gás usasse colheres de pau...) estão-se nas tintas para situações destas e, obviamente, quem se lixa é o mexilhão, esse simpático blogger que mais não pode fazer que envergonhar publicamente os autores de tão ignóbeis actos de prepotência e pesporrência...
Etiquetas: Coisas da Vida