segunda-feira, maio 29, 2006
Este acordo ANF-Governo é, de facto, notável.
Como se pode observar pelo teor deste post que agora comento, conseguiu o notável feito de dar a entender que a ANF foi vencida e que, para conter as perdas, se viu forçada a assinar aquilo que entende ser um mau acordo. Foi aliás neste sentido a intervenção de João Cordeiro após a assinatura do mesmo.
Quem já cá anda há muitos anos e conheça os meandros da política e, em particular, das farmácias, sabe que este foi um excelente acordo, mas para a ANF e, claro está, para quem já tem farmácia. Se não notem:
Mudança 1 - Liberalização da propriedade: A ANF nunca esteve verdadeiramente contra isto. A Ordem dos Farmacêuticos, por obrigação, sim. Neste sentido, o discurso da ANF foi notável, pois dá entender que sempre esteve contra. A liberalização da propriedade mais não vai fazer, no imediato, do que permitir que as (muitas) situações de falsas propriedade venham ao de cima e tornar claro aquilo que, até hoje, era nubloso e sub-reptício.
Mudança 2 - Abertura de 300 novas farmácias. Alguém acha que a ANF se importa com a abertura deste insignificante número de farmácias? Só para se ter uma ideia, em 2000 houve um programa para a abertura de cerca de 200 farmácias quando a capitação baixou dos 6.000 para os 4.000 habitantes/farmácia mas a facturação média por farmácia não diminuiu. Aumentou e muito. Este é um mercado que tem vivido anos de grande prosperidade e, naturalmente, a ANF não se incomoda com essas aberturas.
Por outro lado, a ANF teve mais uma vitória na forma como os concursos serão feitos. No acordo lê-se: "O procedimento de abertura será feito de forma transparente". Lendo os critérios de selecção, observam-se que são imensamente subjectivos e, portanto, darão azo a processos claramente convidativos à corrupção e à negociata prévia. Obviamente que todos que estão ligados aos círculos de poder terão maiores facilidade de demonstrar a qualidade dos “serviços farmacêuticos que o candidato se proponha prestar”.
Mudança 3 – Farmácias nos Hospitais: Aqui a ANF ganhou em toda a linha, sabendo tirar partido dos desejos do governo em ter farmácias nesses locais. Não só garantiu o monopólio desses locais como ainda conseguiu que fármacos muitos apetecíveis em virtude do seu elevado valor, como os anti-retrovíricos venham a passar para as farmácias de oficina.
Para finalizar, não posso deixar que dizer que o Xavier está redondamente enganado no que diz respeito ao valor dos trespasses. Basta dizer isto: Até hoje haviam cerca de 10.000 pessoas legalmente habilitadas a comprar farmácias (cerca de 2800). A partir de agora, o número passou para 10 milhões para um número de 3100 farmácias. Aumentou em muito a procura para uma oferta praticamente igual (em que as 300 que vão abrir só poderão ser transaccionadas daqui a 5 anos…). Ainda acha que o trespasse vai baixar?
"Ainda vou agradecer a José Sócrates"
EXP. - Está a falar numa rede de farmácias da ANF também em Portugal?
J.C. - Nós recebemos sinais do ministro da Saúde no sentido de poder haver uma liberalização da propriedade da farmácia. Actualmente, temos uma cobertura farmacêutica muito boa e temos o mais baixo custo de distribuição europeu. Possivelmente, para muitos somos um mau exemplo que tem de ser destruído. Se o Governo alterar o enquadramento legislativo, garanto que seremos a primeira e a maior cadeia de farmácias em Portugal. Disso podem ter a certeza. Nessa área, a aquisição da Alliance Unichem também se afigura fundamental. Trata-se de uma empresa com uma estratégia europeia e que tem experiência na gestão de cadeias de farmácias.
EXP. - A compra da Alliance Unichem foi, portanto, a forma que a ANF encontrou para reagir à nova legislação na área do medicamento?
J.C. - Até um determinado momento, estávamos acorrentados ao enquadramento legislativo que existia em Portugal. Todo o nosso raciocínio funcionava segundo essa lógica. O discurso do primeiro-ministro, na tomada de posse, libertou-nos dessas correntes para uma nova realidade. Estávamos muito formatados ao modelo da legislação portuguesa e julgo que temos aproveitado de forma muito positiva esta chicotada psicológica que o primeiro-ministro nos deu. Estou convencido de que no final da legislatura vamos ser obrigados a agradecer ao engenheiro José Sócrates o discurso da sua tomada de posse. Foi o clique que nos fez repensar as nossas estratégias, estávamos demasiado limitados e foi um discurso libertador.
EXP. - A capacidade de antecipação é uma das características que, aliás, lhe reconhecem.
J.C. - Era completamente impensável para mim e para os outros membros da direcção da ANF adquirir a Unichem, que não estava à venda. Chegámos a acordo em 15 dias. Bastaram duas conversas.
EXP. - Mas 49 milhões de euros (que pagou pelo controlo da empresa) é muito dinheiro para uma decisão tão rápida.
J.C.- Nós não tínhamos o dinheiro e tivemos que assumir responsabilidades perante a banca para entrar no negócio. E aí a culpa é do Estado. Se o Ministério da Saúde cumprisse as suas obrigações, a ANF não seria o que é hoje. Pode dizer-se que 49 milhões é muito dinheiro. Mas nós já tivemos que nos financiar em 250 milhões de contos, por causa da dívida do Estado às farmácias. O Ministério criou um mau hábito, que foi pôr-nos nos braços da banca. E como nós sempre cumprimos com a banca, ao contrário do Estado, a banca prefere-nos a nós.
EXP. - Há rumores de que está a pensar reforçar a sua posição (de 30%) na José de Mello Saúde. São verdadeiros?
J.C. - Não. Nunca discutimos isso. Não é uma área fundamental para ANF. A nossa área é a do medicamento. E nesse sentido, temos alguns projectos com o grupo Mello.
EXP. - Quais?
J.C. - Desafios na área da farmácia hospitalar. Temos projectos que estamos a desenvolver, nomeadamente a distribuição de medicamentos em unidose.
EXP. - Continua, então, interessado em avançar para o negócio das farmácias hospitalares?
J.C. - O que sentimos é que a área da farmácia hospitalar é um descalabro. O que estou a dizer não é novidade. A própria Inspecção-Geral da Saúde tem um relatório que o demonstra. As despesas com os medicamentos nos hospitais crescem 20% ao ano. E, como temos conhecimentos, acho que podemos dar uma pequena ajuda.
EXP. - Como?
J.C. - Eu vejo isso mais como um «outsourcing». Não vejo nenhum drama em criar, em termos experimentais, um «outsourcing» nas farmácias hospitalares, tal como já existe na imagiologia, na alimentação ou na manutenção dos hospitais. Cheguei a falar disso com o ex-ministro Luís Filipe Pereira. Mas neste momento não há clima. Tenho de aguardar por dias melhores.
Começo por recordar a entrevista (aliás, a declaração de guerra) de Correia de Campos ao Expresso (citada pelo Eduardo Faustino):
EXPRESSO - Esta semana foi à Assembleia da República denunciar o cartel das farmácias...
CORREIA DE CAMPOS - Fui fazer um apelo a todos os grupos parlamentares para que ajudem a clarificar uma situação preocupante: a de um monopólio de venda que reage ferozmente contra uma pequeníssima partilha do seu volume de vendas (7% dos medicamentos não sujeitos a receita médica) e controla 55% do mercado grossista.
EXP. - Tem alguma proposta em concreto para combater o cartel?
C.C. - Não é ao Ministério da Saúde que incumbe essa luta. Mas tenho, naturalmente, um plano B.
EXP. - Qual é?
C.C. - Peço desculpa, mas não o vou divulgar. Se chegarmos a um ponto de ruptura em que as farmácias deixem de fornecer medicamentos comparticipados aos cidadãos, entraremos num plano B.
EXP. - Vai denunciar o protocolo com a ANF?
C.C. - Sim, até ao fim do primeiro semestre de 2006. Não é surpresa para ninguém, já o fizemos da outra vez. Mas teremos outro protocolo a propor. A ANF e as farmácias são nossos parceiros e têm uma acção muito meritória em muitos aspectos.
EXP. - A sua ideia é que a ANF deixe de ser intermediária do Estado no pagamento às farmácias?
C.C. - Sim, sim, claro.
EXP. - Mais uma guerra com João Cordeiro!
C.C. - Não é guerra nenhuma. É um protocolo denunciado e substituído por uma intermediação bancária (através de um concurso nacional). Em vez de as farmácias receberem ao 45º dia do dr. Cordeiro, e descontarem 1,5%, passarão a receber ao 45º dia de um banco.
sábado, maio 27, 2006
Sinceramente não percebo as razões de satisfação dos defensores de CC depois do gigantesco sapo que o Ministro da Saúde deve ter engolido. Façamos um resumo da situação:
- CC começou por pedir a Sócrates para dar a cara pela transferência dos MNSRM para fora das farmácias - o Ministro não se sentia com peso político suficiente para enfrentar a ANF e o governo viu-se forçado a jogar o ás de trunfo;
- Na sequência da polémica instalada, CC foi ao Parlamento afirmar que a ANF era um cartel e que precisava da ajuda dos deputados para o poder combater;
- Entretanto, CC havia encomendado um estudo à AdC, que esta serviu com escrupulosa diligência: todas as conclusões previamente solicitadas foram servidas tal como haviam sido encomendadas
- CC passou a ter a "base científica" de que não abdicaria antes de partir para a luta...
- Mais ou menos ao mesmo tempo, CC tornou pública a intenção de anular o acordo existente com a ANF e até tentou legislar nesse sentido;
- CC reuniu o apoio dos intelectuais, da imprensa, da Ordem dos Médicos e da sociedade em geral para a sua causa de "combater" a ANF e o "terrível" João Cordeiro.Ou seja, CC reuniu condições como nunca tinham existido antes para conseguir cumprir a sua anunciada intenção: "combater e destruir o cartel"...Perante isto, o que se passou?
- Afinal não se liberalizou a instalação de farmácias;
- O número de farmácias apenas aumentará ligeiramente, mais ou menos na mesma proporção que o aumento promovido por Manuela Arcanjo alguns anos antes e com muito menos alarido;
- As farmácias dos associados da ANF vão disparar o seu preço, provavelmente para valores inimagináveis;
- As farmácias associadas da ANF terão prioridade na instalação de autênticos aspiradores de receituário nas próprias instalações dos hospitais públicos;
- Cada um dos actuais ricos proprietários de farmácia poderá ter ainda mais três farmácias;
- Os falsos proprietários de farmácias verão a sua situação legalizada...Entretanto, o que fará a ANF? Perante a inevitável entrada de novos agentes no mercado, é mais que previsível a constituição do franchising-ANF, em que as farmácias franchisadas irão tendencialmente ser fornecidas pela Alliance Unichem e criar uma homogeneidade de qualidade e tipo de serviços prestados. Obviamente que os não-farmacêuticos irão responder e criar uma rede rival... ou seja, estaremos num mundo de realidade vertical na farmácia portuguesa.
Conclusões da actuação de CC:
- MNSRM mais caros;
- Farmácias mais caras;
- Verticalização dos serviços farmacêuticos;
- Fim de qualquer veleidade proprietária para os jovens farmacêuticos.
quinta-feira, maio 25, 2006
Desde há algumas semanas, este blogue tem sido escrito a partir de um Mac. Embora ainda não tenha tido tempo suficiente para explorar convenientemente as novas funcionalidades, cá fica uma brincadeira feita com o Photo Booth...
- Futebolista do Manchester United e da Selecção Nacional;
- Presidente do Governo Regional da Madeira;
- Presidente dos EUA;
- Governador da Califórnia;
- Dono da revista Playboy;
- Dono de um bar de praia num sítio onde fosse sempre Verão;
- Vocalista cabeludo de um grupo de heavy metal;
- Agente do FBI;
- Latifundiário;
- Gajo que anda de patins nos supermercados;
- Camionista.
quarta-feira, maio 24, 2006
Lei de procriação assistida aprovada excluiu as mulheres sós e inférteis
Não houve surpresas nem volte- -face: apesar de o PCP e o BE terem apresentado ontem, dia da votação na especialidade, propostas de alteração no sentido de incluir as mulheres sós inférteis nos beneficiários da procriação medicamente assistida (PMA), a lei aprovada na especialidade e que será submetida a votação no plenário só prevê acesso a casais heterossexuais, casados ou em união de facto.
Outra proposta de última hora do BE, a de incluir neste texto legal as condições de financiamento da PMA pelo Serviço Nacional de Saúde e pelos seguros, também não passou. "O texto ficou como estava", diz Manuel Pizarro, o deputado do PS que dirigiu os representantes da sua bancada no grupo de trabalho que "negociou" a lei. A procriação heteróloga (recurso a espermatozóides, ovócitos e embriões de dadores), muito contestada pelo PSD, passou com os votos contra dos sociais-democratas e a abstençãodos representantes do PP, que nesta matéria se terão mostrado menos conservadores. Já na experimentação com embriões, as posições inverteram-se: PSD votou a favor e PP votou contra. O fim de um vazio legal de 20 anos merece o aplauso da Associação Portuguesa de Infertilidade (API), recém-criada por um grupo de cidadãos inférteis com o objectivo de representar os interesses das pessoas nessa situação. "Estamos globalmente satisfeitos. Sobretudo porque a ausência de lei estava a ser interpretada de modo restritivo: a procriação heteróloga, por exemplo, fazia-se cá com grande dificuldade, e só se admitia a doação de esperma. Além disso, em termos percentuais esta lei resolve 80 a 90% dos casos." Falta agora a votação final, em plenário. Manuel Pizarro não prevê dificuldades na aprovação, apesar de admitir que alguns deputados da sua bancada - incluindo Maria do Rosário Carneiro e Teresa Venda, assim como Matilde Sousa Franco - poderão votar contra. "Há também vários que acham que deveriamos ter incluido as mulheres sós. Mas que, creio, vão votar a favor, com eventual declaração de voto."
Apesar de constituir inegavelmente um enorme avanço, a lei poderia ter ido muito mais longe, especialmente na questão do financiamento dos tratamentos. Está hoje em dia claramente demonstrado (eu próprio fiz um trabalho sobre o assunto) que fica mais barato (e é muito mais rentável!) para o Estado financiar os tratamentos do que manter a actual situação em que na maioria dos casos são os casais quem financia directamente os tratamentos e os hospitais do SNS quem paga os custos da gestação múltipla. Embora a lei não se pronuncie sobre o financiamento, o governo ainda vai a tempo...
PS - a votação dos deputados do PSD na questão da doação de gâmetas é insólita (a não ser que haja uma explicação que não é referida na notícia). E votar contra uma lei destas é um acto de um egoismo e intolerância atrozes...! Como é possível existir gente assim?
sexta-feira, maio 19, 2006
terça-feira, maio 16, 2006
«O blogue Saúde SA não sai da cabeça do Ministro Correia de Campos. Num encontro com jornalistas para apresentar as contas do SNS, o titular da pasta da Saúde baralhou o portal do seu ministério com esta página pessoal na Internet. "Podem consultar esses dados no Saúde SA", disse Correia de Campos, para logo corrigir a gaffe, alegando que não resiste a bisbilhotar, todos os dias, este blogue.»
Expresso Economia
Já por diversas vezes escrevi no Saúde, SA sobre as políticas de Correia de Campos... é um prazer saber que pelo menos parte do recado deve ter chegado ao destinatário!domingo, maio 14, 2006
Guarda-redes: Ricardo (Sporting), Quim (Benfica) e Paulo Santos (Braga)
Defesas: Paulo Ferreira (Chelsea), Miguel (Valência), Ricardo Carvalho (Chelsea), Fernando Meira (Estugarda), Ricardo Rocha (Benfica), Caneira (Sporting) e Nélson (Benfica)
Médios: Petit (Benfica), Maniche (Chelsea), Costinha (Dínamo de Moscovo), Deco (Barcelona), Figo (Inter de Milão), Simão Sabrosa (Benfica), Cristiano Ronaldo (Manchester United), Tiago (Lyon), João Moutinho (Sporting) e Ricardo Quaresma (Porto)
Avançados: Nuno Gomes (Benfica), Pauleta (Paris St. Germain) e Hélder Postiga (St. Etienne)
... o que quer dizer que Scolari vai convocar quatro jogadores que eu deixaria de fora (Ricardo Costa, Nuno Valente, Hugo Viana e Luís Boa Morte).
Académica: José Castro;
Boavista: Diogo Valente;
Bolton: Ricardo Té;
Feirense: Semedo;
Estrela da Amadora: Bruno Vale;
Belenenses: Rolando;
Penafiel: Bruno Amaro;
F.C. Porto: Hugo Almeida, Paulo Ribeiro, Pedro Ribeiro, Raul Meireles e Ricardo Quaresma.
Marítimo: Filipe Oliveira e Nuno Morais;
PAOK FC: Daniel Fernandes;
Benfica: Manuel Fernandes e Nélson;
Sporting: Custódio, João Moutinho e Nani;
U. Leiria: Lourenço;
V. Setúbal: Varela.
sábado, maio 13, 2006
Sempre pensei que Nelo Vingada sairia da Académica por falta de capacidade financeira do clube em mantê-lo. Afinal ele queria ficar e foi dispensado pela direcção. É lamentável a incompetência dos nossos dirigentes desportivos!
PS - Manuel Machado também um grande treinador, mas Vingada já tinha vários meses de avanço e fez por merecer o lugar.
Só em Portugal é que um jogador aos 33 anos é considerado demasiado velho para jogar... depois dos erros cometidos com Pedro Barbosa e Rui Jorge, o Sporting volta a mostrar que a palavra dedicação não faz parte do léxico oficial do clube, que prefere contratar Romagnolis, Deivides, Manoéis, Edsons e outros que tais a manter no clube jogadores que dêem alguma continuidade e estabilidade à equipa...
quarta-feira, maio 10, 2006
Simon Kuper (é uma caridade que lhes faço; e a semana passada falou sobre o Dennis Bergkamp, mas guardei só para mim)
The gladiator of Rome who rarely triumphsBy Simon Kuper
Published: May 6 2006 03:00
Financial Times
Francesco Totti, Italy's most beloved footballer, is in bed in a German castle reading Goethe. A stern German matron enters. The blond Totti, known despite his froglike face as "il bello", makes eyes at her. She serves him German sausage.
Happily this advert for the World Cup on Italian television remains relevant. Whereas England have surely lost Wayne Rooney, Totti's broken ankle has healed just in time for the tournament. Tomorrow he should play for Roma against Treviso, his first match since February. In theory he could then win the World Cup for an excellent Italian team, but he probably won't because Totti is both brilliant footballer and born loser.
Footballers transcend stardom and become folk heroes when they incarnate a certain idea a people has of itself. Totti is Rome. He was born in a lower middle class Roman neighbourhood 29 years ago, into an Italian family so traditional that his mother was forever ironing his football kit. He supported Roma from the terraces or as a ballboy, and dreamt of becoming a pump attendant.
"I liked the petrol smell and the fat wallet those guys pulled out after filling the tank," he recalls.
Instead, aged 16, he descended on to the Stadio Olimpico's turf to become Roma's midfield fantasista. Studying him on freezing Roman evenings this winter, I was mesmerised by his pass. Totti plays with his head up, always in balance. He sees the furthest pass first, and can hit it first touch with the inside or outside of either foot, or with either heel: he is in effect, six-footed. He rarely bothers running, but can shed a marker with one clever step.
Totti could have joined any club. Instead he has chosen to segue into middle age with Roma, where his team-mates misinterpret his passes. All he has to show for his greatness is one Italian championship.
"I'm a Roman and a Romanista. That's a status of the soul," he explains in Roman dialect (Totti rarely speaks Italian). He has mastered Roman rhetoric complete with bastardised representations of ancient Rome: the gladiator tattooed on his arm, the comparisons with Caesar.
Roma's fans appreciate it. Wearing Totti replica shirts they sing, in dialect, about a platonic version of Roma in which other players don't exist and there is only Totti now and forever. The love goes beyond the stadium. One local couple divorced because the husband kept a portrait of Totti above the marital bed, where it hung in the spot previously occupied by the crucified Christ.
Outside Rome, Totti's lack of intellect invites derision. So many Totti jokes exist that he himself has collected them into a book. An example: "Totti's three hardest years? Class one of elementary school." The book topped the Italian bestseller list, and Totti donated all proceeds to charity.
Like Alan Shearer at Newcastle, Totti is a throwback: the footballer as homeboy, as fan, who never leaves his local club. In truth his devotion to Rome - like Shearer's to Newcastle - shows a lack of ambition. In Rome he can coast, lauded for sporadic brilliance. He doesn't need to win anything.
He usually flops in big matches. Last November Totti prepared for the Roma-Juventus match by saying nasty things about Juve's manager Fabio Capello, a Roman old boy. Asked to respond, Capello simply congratulated Totti on the birth of his son. On the night, Juve hammered Roma 4-1, Turinese athletes endlessly whizzing past the chubby Totti. He eventually lost himself in feuds: his lack of professionalism includes a bad temper. The contrast was stark. Totti's Roma is defined by an attitude, whereas Juventus don't bother with talk. They just win.
Totti experiences top-class football only when playing for Italy. Usually he is shown up. He excelled in his first tournament, the European Championships of 2000, but Italy contrived to lose the final after leading France with only two minutes left. At the World Cup of 2002 he was sent off for diving when the Italians went out to South Korea. At Euro 2004 he was sent off for spitting in Italy's first match and didn't play again.
Yet he remains beloved. When he got injured in February, the Italian news media - or what passed as such in Silvio Berlusconi's Italy - kept a vigil outside the hospital. Berlusconi himself visited his bedside.
A week after the injury, Roma played Lazio in the Roman derby. Hanging in the Olimpico's fence amidst Roma's hardcore fans was Totti. When Roma won,the other fans ritually hammered him on the head.
His absence didn't hurt Italy. Without him they thrashed Holland 3-1 and Germany 4-1. When Totti is away, the Italians are freed from the obligation to run every attack through him and can move forward fast.
Yet he will play at the World Cup, his last dabble with top-class football before he retires from the national team. Totti seeks personal glory too: he sometimes dreams he is presenting the golden ball for European Footballer of the Year to himself. He probably never will. But then Totti's popularity has nothing to do with winning things.
Nota: há muito que Totti pertence à galeria dos jogadores que eu mais odeio. No entanto, penso que o que este artigo refere é verdade - não vale a pena odiar ou ter medo de um jogador mentalmente tão tacanho. Com ele, seguramente que a Itália não ganhará nada.
Nada como passar umas semanitas a meio gás e de repente, sem que nada o fizesse prever, publicar 13 posts no mesmo dia... cá fica mais uma da caixa de correio do Estarreja Efervescente, com um abraço para o meu ex-colega de Assembleia Municipal Rui Mota...
Acaba por ser irónico o destino de grande parte das receitas nas quais os médicos não autorizam a troca por genéricos: para que a sua selecção de medicamentos não seja violada, os médicos acabam (inconscientemente) por levar a que uma parte bastante significativa dos utentes não tome todos os medicamentos de que precisa...
Nas primeiras cinquenta vezes isto ainda pode ter piada. Mas depois cansa. Será possível a introdução de piadas novas? Aceitam-se sugestões!
Pontos interessantes da situação:
- Ao contrário do que normalmente sucede, uma cliente regular da Farmácia preferiu fazer a sua própria sondagem de preços pelas Farmácias da região antes de pedir explicações sobre um preço que considerava superior ao habitual;
- A heterogeneidade do preço do mesmo produto: 6% de diferença entre agentes distribuidores que nem sempre entregam medicamentos à mesma hora é bastante significativo. Se juntarmos esta variação às diferentes políticas de margens comerciais das várias Farmácias, então a confusão é total... que saudades dos preços fixados pela indústria! (que até eram mais baixos...);
- A facilidade com que se parte do princípio de que uma Farmácia estará a proceder de uma forma menos correcta...
Conclusão: a nossa cliente irá pagar um preço muito semelhante (não sei se maior ou menor) na outra Farmácia onde encomendou (para o dia seguinte...) o produto. No entanto, da fama já ninguém nos livra... o que vale é que por vezes a situação acontece ao contrário!
A situação não era tão simples como possa parecer: acabado de sair de um estágio em que nestas situações o "não" me saía com facilidade (pois estava numa localidade em que não conhecia quase ninguém), via-me agora perante um indivíduo da idade dos meus pais, que eu conhecia desde criança e que sabia ser amigo da família e cliente de longa data da Farmácia. Mantive-me irredutível, mesmo perante o argumento de que ele até pelo telefone conseguiria a receita médica. A situação era ainda mais incómoda, pois a Farmácia estava de serviço e àquela hora a minha recusa obrigá-lo-ia a deslocar-se a outro concelho. Aguentei a irritação do homem e recusei mesmo a venda. O utente saiu furioso e reapareceu cerca de duas horas depois, com a mesma disposição na alma e a receita na mão:
- Foi só chegar ao hospital e pedir! Está a ver? Para que é que me obrigou a perder tempo? Mas agora também não a vou aviar aqui! Nem que tenha que ir a Aveiro!
E foi-se, perante uma pequena assistência de outros clientes, surpreendidos pela altercação.
Desde então, nunca mais o tinha visto entrar na Farmácia. Veio hoje, como se nada se tivesse passado. Atendi-o da mesma forma.
Responsabilidade
Hoje, pressente-se que não é bem assim. Pressente-se apenas, porque não há nenhuma avaliação independente, rigorosa, englobando as variações no tempo e na geografia.
A partir do Expresso pode-se construir a seguinte tabela com os preços, em euros, praticados para a venda da Aspirina:
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Este texto não se destina a discutir a variação de preços da Aspirina, um assunto menor, é apenas um exemplo de como as decisões políticas nunca são devidamente avaliadas e mesmo quando se suspeita que essas decisões foram erradas e tiveram efeitos contrários ao previsto / propagandeado, a responsabilidade política nunca é assumida ou penalizada.
Sobretudo em política, há uma sina muito nossa: a culpa morre sempre solteira.
Supremo contra câmaras nos locais de trabalho
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) mandou retirar as câmaras de vídeo que a União dos Farmacêuticos de Portugal (UFP) instalou num armazém, no Cacém, que incidiam “directamente sobre os 177 trabalhadores durante o seu desempenho profissional”.
No acórdão que subscreveram (em Fevereiro), devido a uma queixa do Sindicato dos Trabalhadores da Quimíca, Farmacêutica e Gás do Centro, Sul e Ilhas, os conselheiros Carlos Cadilha (relator), Mário Pereira e Maria Laura Leonardo consideraram que a colocação de câmaras em todo o espaço onde os trabalhadores exercem as suas tarefas constitui uma “intolerável intromissão na reserva da vida privada, na sua vertente de direito à imagem”. E que “não se mostra de nenhum modo justificada pelo simples interesse económico do empregador de evitar o desvio de produtos”.
Diz ainda o acórdão que as câmaras dos corredores e entradas e saídas podem continuar a funcionar e que, em relação às restantes, a UFP não pode “sujeitar os seus trabalhadores a uma permanente medida de Polícia, transformando-os indefinidamente em suspeitos de prática de ilícitos criminais, com clara violação dos seus direitos de personalidade”.
Ontem, o CM esteve no armazém da UFP, no Cacém, e comprovou que as 69 câmaras de vídeo que o STJ apelidou de “ilícitas” já foram retiradas.
Marques da Costa, director geral da UFP, disse ao CM que nos “cinco/seis anos” em que as câmaras estiveram a funcionar, o número de furtos no armazém – essencialmente de medicamentos anabolizantes e psicotrópicos – desceu “consideravelmente”, escusando-se a apontar números.
Durante esse período, Marques da Costa informou que o “sistema de vigilância vídeo” apanhou apenas um trabalhador a furtar medicamentos. “Foi despedido”, concluiu.
'ACRODÃO NÃO É VINCULATIVO' (Rodrigo Santiago, advogado, diz que só “uma lei” permitirá considerar ilegais câmaras no local de trabalho)
CM – A partir de agora, mais nenhuma empresa pode ter câmaras de vídeo que incidam sobre os trabalhadores durante o seu desempenho profissional?
Rodrigo Santiago – Não. O acórdão do Supremo Tribunal de Justiça não é vinculativo. Diz apenas respeito ao processo em questão.
–O que é necessário para que a decisão do STJ, no processso da União de Farmacêuticos de Portugal, seja seguida em todas as situações semelhantes que cheguem aos tribunais?
– Que haja uma decisão contraditória e que, depois, no STJ seja proferido um acórdão para fixação de jurisprudência.
– A partir de que momento é considerado ilegal a instalação de câmaras que incidam directamente sobre os trabalhadores durante o seu desempenho profissional.
– Quando houver uma lei que expressamente o proíba.
O QUE DIZ O ACORDÃO
- A vídeovigilância configura uma medida de Polícia, que apenas poderia ser implementada (...) por períodos de tempo determinados (...).
- O empregador (...) não pode sujeitar os seus trabalhadores a uma permanente medida de Polícia, transformando-os indefinidamente em suspeitos de prática de ilícitos criminais, com clara violação dos seus direitos de personalidade.
- A colocação de câmaras (...) em todo o espaço onde os trabalhadores desempenham as suas tarefas (...) constitui (...) uma intolerável intromissão na reserva da vida privada, na sua vertente de direito à imagem.
À falta de ideias mais originais, resta-me ir dando publicidade ao excelente material que tem chegado à caixa de correio do Estarreja Efervescente, agradecendo obviamente ao incansável emissor...
segunda-feira, maio 08, 2006
Uma das vantagens de se ser adepto da Académica é que com este clube os campeonatos duram mesmo até ao último segundo...
Ontem éramos 26811 indivíduos que estavam no Estádio Cidade de Coimbra para ver o que parecia óbvio. No entanto, depois de toda a família dos jogadores (com óbvio destaque para as respectivas mães, que no seu dia não foram esquecidas pela multidão) ter sido referida em termos menos elogiosos pela generalidade dos presentes, a coisa lá se compôs. Eis as principais conclusões do jogo de ontem:
- Joeano deveria ser titular da selecção do Brasil no Mundial;
- Felizmente que o florzinha do Zé Castro vai para o Atlético de Madrid. Infelizmente, no ano seguinte estará novamente em Coimbra...
- Nelo Vingada é um Senhor;
- O Marítimo estava com uma gana de jogar absolutamente inesperada para uma equipa que estava a cumprir calendário...
- O Ulisses Morais é um cromo;
- Tinham feito a cama à Académica e à Naval;
- O Belenenses fiou-se na Virgem e não correu;
- Apesar da exibição futebolisticamente miserável, a Académica é o maior clube do mundo!
- Mesmo que tivéssemos ganho com um golo marcado fora de jogo e com a mão, eu estaria contente (talvez até mais).
sexta-feira, maio 05, 2006
- Porque o Estado não deve legislar sobre os costumes das pessoas - ter ou não ter filhos é um direito de cada um e ninguém deve ser prejudicado pelas suas escolhas... não vivemos na China!
- Porque em vez de discriminar positivamente os casais com mais filhos, o governo preferiu punir os que não podem ou não querem ter filhos;
- Porque a ideia é socialmente injusta para os casais inférteis;
- Porque a ideia é socialmente injusta para as famílias monoparentais;
- Porque a ideia é socialmente injusta para os casais divorciados;
- Porque a ideia é socialmente injusta para os homossexuais.
Ou seja, em vez de promover medidas capazes de ajudar os que gostariam de ter mais filhos (como o reforço do apoio social, flexibilização de horários laborais, etc.), o governo propõe-se atacar fiscalmente aqueles que não têm nada a ver com o assunto, ao mesmo tempo que exclui dos benefícios as habituais franjas de excluídos sociais: casais inférteis, mães solteiras, casais divorciados, homossexuais, etc.
Alguém quer apostar que esta proposta não vai ser aprovada nos termos agora divulgados?